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    CPI da Covid vai indiciar mandatário do país por 11 crimes
    Autor: Editorial SindSaúde-SP
    15/10/2021

    A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid do Senado termina na próxima segunda-feira (18), e o relator, o senador Renan Calheiros, vai divulgar o documento final, no qual indiciará o presidente da República, Jair Bolsonaro, por pelo menos 11 crimes. O mais grave deles é homicídio por omissão.

     

    Não é à toa que o relator chegou a essa conclusão, afinal, durante todo o processo de investigação da comissão houve vários depoimentos que demonstraram que houve negligência por parte do governo federal na forma de gerenciar a crise sanitária.

     

    A falta de negociação direta com os laboratórios, a demora para comprar vacinas, a falta de diplomacia com os países fornecedores de insumos, como a China, e as tentativas de suborno na compra de imunizantes atrasaram o início da imunização no país e, consequentemente, agravaram a situação enfrentada pela população.

     

    Durante seu depoimento à CPI da Covid, em junho deste ano, o pesquisador e epidemiologista Pedro Hallal disse que o atraso na compra da Pfizer e da Coronavac resultou em 95,5 mil óbitos.

     

    Não foi só a vacina

    Além da falta de imunizantes, não ter políticas claras de controle sanitário, de incentivo ao uso de máscara, de distanciamento físico e sem contar as declarações do presidente que são um grande desserviço à população, como o incentivo ao uso de medicamentos comprovadamente não eficazes, e o estímulo a aglomerações em momentos críticos da pandemia, também contribuíram para confundir a população e aumentar o número de vítimas.

     

    Todos esses fatores também resultaram no indiciamento de Bolsonaro por crime de epidemia, infração de medida sanitária, charlatanismo e crimes de responsabilidade.

     

    Trâmites

    No dia 20 de outubro, o relatório de Calheiros será apreciado pelos senadores que compõem a CPI. Se aprovado, o relatório será encaminhado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, na próxima quinta-feira (21), e espera-se que outras 40 pessoas – incluindo outros membros do governo, como os ministros Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e Marcelo Queiroga (Saúde) – sejam indiciadas. É Aras quem vai decidir se prossegue ou não com as investigações.

     

    Infelizmente, o resultado dos trabalhos da CPI chega um pouco tarde e ainda não se sabe se terá efeitos práticos. O Brasil já ultrapassou as 600 mil mortes. São pais, mães, filhos, amigos, milhares de trabalhadores e trabalhadoras da saúde, muitos deles(as) vítimas da negligência, da falta de respeito pelo povo brasileiro que, além de sofrer o luto, está enfrentando a fome, a falta de emprego e de perspectiva de vida.