Sindicato unido e forte
desde 1989


    Quem mandou matar Marielle Franco? E por quê?
    Autor: Maria Ap. de Deus, sec. da Mulher Trabalhadora
    14/03/2022

    Na noite de 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes eram brutalmente assassinados na cidade do Rio de Janeiro. Até hoje, 1.461 dias depois, ainda não se sabe nada a respeito de quem encomendou o crime e, principalmente, sua motivação.

    Marielle era “mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré” como ela mesma se apresentava. Quando morreu, estava casada com a hoje vereadora, também pelo Rio de Janeiro, Monica Benício. Deixou uma filha, Luyara, hoje com 20 anos. Ela faria 43 anos em 27 de julho deste ano.

    O crime que ceifou a vida de Marielle e Anderson assombrou o Brasil naquela noite. O carro em que ela e o motorista estavam foi alvejado por vários tiros, que apagaram o lindo sorriso da vereadora. Os assassinos só não esperavam que sua morte faria dela um ícone da luta feminina e feminista no Brasil, inclusive internacionalmente.

    Formada em Ciências Sociais, Marielle foi, por muito tempo, assessora parlamentar do deputado federal Marcelo Freixo, que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as Milícias do Rio de Janeiro quando foi deputado estadual. Em 2016, ela seria eleita a quinta vereadora mais votada na Câmara do Rio.

    Após sua morte, a vereadora virou nome de rua e, ainda que dois deputados brutamontes tenham quebrado a placa, causando indignação no Brasil e no mundo, as palavras de ordem “Marielle, presente!” e “não seremos silenciadas” ganhou as bocas das mulheres pelas ruas do país.

    Desde sua morte, muitos tentam manchar a figura de Marielle Franco, em ataques perversos da indústria de fake news. A vereadora era conhecida por defender o feminismo e os direitos humanos, e isso incomodava a muitos, com toda a certeza.

    Durante sua breve vida política, ela se posicionou abertamente contra a intervenção federal no Rio de Janeiro e denunciou vários abusos de autoridades policiais contra moradores de comunidades carentes.

    Desde o início, Marielle sabia de que lado queria ficar, nunca se esquecendo de onde deitavam suas raízes. Esteve sempre na defesa dos mais fracos e oprimidos pelo terror do estado paralelo que domina o Rio de Janeiro.

    Nos tempos em que foi assessora parlamentar de Marcelo Freixo, assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), tento prestado auxílio jurídico e psicológico a familiares de vítimas de homicídios, incluindo policiais vitimados.

    Sim, Marielle também tratava de casos de policiais vítimas de violência, afinal, muitos deles eram, como ela, crias da periferia da cidade. Um dos casos em que ela trabalhou foi o de um policial civil assassinado por um colega.

    Naquela noite de 14 de março de 2018, os tiros que arrebentaram a cabeça linda de Marielle Franco ricochetearam em todas nós, mas principalmente nas pretas, pobres e periféricas que, como ela, são as principais vítimas da violência diária neste país.

    O Brasil deve essa resposta ao Brasil: quem mandou matar Marielle e por quê?

    [