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    Morre médica responsável pela identificação do assédio moral no trabalho
    Autor: SindSaúde-SP
    03/03/2022

    Crédito Imagem: SindSaúde-SP

    É com profundo pesar que o SindSaúde-SP comunica o falecimento, nesta quinta-feira (3), da médica Margarida Maria Silveira Barreto, professora do curso de pós-graduação em medicina do trabalho da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, e responsável por identificar e organizar o conceito de assédio moral no trabalho. O velório será nesta sexta-feira (4), no Cemitério e Crematório Valle dos Reis (Rod. Régis Bittencourt, 5.901, Jd. das Oliveiras, Taboão da Serra), das 10h às 14h, e a cerimônia de cremação às 14h30.

     

    Bastante conhecida no meio científico e sindical devido à importância de seu trabalho, ela vinha lutando há anos contra um câncer no estômago. E, ao contrair coronavírus, o andamento de seu tratamento foi impactado.

     

    Ao longo de sua trajetória, a médica foi muito próxima do SindSaúde-SP, tendo, inclusive, participado de muitas atividades realizadas pelo Sindicato falando sobre os seus temas de estudo. Margarida era uma defensora da saúde do trabalhador e da trabalhadora da saúde, os quais tinham muito carinho pela médica.

     

    Além do assédio moral, Margarida, que também era doutora em psicologia e integrante pesquisadora do Núcleo de Estudos Psicossociais de Exclusão e Inclusão Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), também desenvolveu pesquisas sobre assédio sexual.

     

    Em seu livro “Assédio Moral: Gestão por Humilhação” (Juruá, 2018), realizado em parceria com Roberto Heloani, também doutor em psicologia pela PUC-SP, há um trecho que diz: “Nossa sociedade atualmente não só flexibiliza a produção e os serviços como também acaba por flexibilizar os valores morais (...). Estes passam a ser relativizados e indevidamente apropriados (...). Dessa forma, cada vez mais o que era sagrado se torna profano, enquanto o que era profano se torna sagrado, de acordo com uma lógica perversa que inverte e permite que se utilize qualquer meio para que se obtenha o sucesso a qualquer custo”.

     

    Para o estudo “Do Assédio Moral à Morte em Si – Significados Sociais do Suicídio no Trabalho”, foram colhidos depoimentos de 400 trabalhadores das indústrias químicas de São Paulo, em 2010. O resultado foi surpreendente. Do total de participantes, 73% disseram não mais sentir prazer no trabalho em consequência das humilhações fruto de assédio moral, enquanto 27% disseram ter tido ideias suicidas em função disso.

     

    Pandemia

    Ao longo da pandemia de Covid-19, a médica prosseguiu atualizando seus estudos, tendo identificado nova forma de hostilidade para com os trabalhadores: a negligência por parte de governos e empresas perante a gravidade da situação, gerando um ambiente de resignação e passividade, formando, assim, um “pacto de silêncio” que contaminou toda a sociedade.

     

    “Vivemos uma crise econômica sem precedentes. Crise política profunda e sanitária devastadora. A pandemia vem acompanhada de uma desinformação acentuada. As decisões políticas são influenciadas pelo ambiente social. O próprio governo não se cansa de destruir direitos. Eu não sou otimista frente à passividade e ao pacto de silêncio que se formou e as pessoas aceitam”, disse, durante live realizada pela “Agência Sindical”, em setembro de 2020.

     

    A médica Maria Maeno, outra ativista da Ciência em defesa da saúde no ambiente do trabalho, lamentou a perda da companheira. “Minha vida ganhou mais sentido por ter tido a oportunidade de ter conhecido Margarida Barreto”, disse.

     

    O SindSaúde-SP transmite as suas mais sinceras condolências a familiares, amigos e colegas dessa importante figura da medicina do trabalho brasileira.

     

    Margarida Barreto, presente!

     

    Com informações da Rede Brasil Atual

     










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