Sindicato unido e forte
desde 1989


    Atraso na vacinação joga sombra sobre o fim da pandemia
    Autor: Redação - SindSaúde-SP
    19/02/2021

    Na última quarta-feira (17)  fez um mês que o teve início a imunização da população brasileira contra a Covid-19 no Brasil. Primeira vacinada do Brasil, a enfermeira Mônica Calazans, trabalhadora do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, recebeu a segunda dose da vacina Coronavac no dia 12 de fevereiro.

     

    Desde seu início, a imunização no Brasil tem sido marcada por episódios, ora emocionantes, ora lamentáveis. A emoção veio dos velhinhos que começaram a ser imunizados. Que alegria vê-los recebendo a dose! Afinal, são o grupo da população que, juntamente com profissionais de saúde, mais sofreram durante a pandemia.

     

    Por outro lado, deu tristeza ver os fura-filas; os casos de falsa aplicação de vacinas, especialmente nos velhinhos, uma história que as polícias de alguns estados, como do Rio de Janeiro, estão investigando para saber se há um mercado criminoso de venda de vacinas ou se os profissionais que fingiam estar aplicando as doses queriam mesmo era ficar com elas; e, a pior de todas, a má gestão que fez com que algumas capitais interrompessem a imunização por falta de doses.

     

    Vergonha

    O Plano Nacional de Imunização (PNI) sempre foi uma referência mundial. Infelizmente, na pandemia de coronavírus, o Brasil está fazendo feio. Diga-se de passagem, muito feio, e desde o início da crise sanitária.

     

    Primeiro, veio a negação da pandemia; depois, a da vacina, o que atrasou tudo. Quando, finalmente, saiu a Coronavac, do Instituto Butantan com a Sinovac chinesa, o governo brasileiro decidiu acordar.

     

    Agora, nesta semana, quando já estava instalada a crise da falta de doses, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que está negociando outras vacinas, com a Rússia e a China. E afirmou que está fechando os acordos de compra desses imunizantes, que sequer foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

     

    10 milhões

    Pazuello prometeu imunizar toda a população brasileira até julho. Mas, em entrevista concedida à rádio “CBN” esta semana, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e secretário da Saúde do Maranhão, Carlos Eduardo Lula, alertou que, se o Brasil continuar conduzido a pandemia do modo como tem feito, o país pode chegar a meio milhão de mortos até meados do ano.

     

    Nesta semana, o país atingiu outra triste marca: 10 milhões de infectados pelo coronavírus. Até a tarde desta sexta-feira (19), eram exatos 10.030.026 milhões e 243.457 mortes. Lembrando que pode haver subnotificação, já que o Brasil tem um dos índices mais baixos de testagem da população.

     

    Com fevereiro chegando ao fim, ainda estamos pagando a conta das aglomerações do fim de ano e, daqui a alguns dias, vamos começar a pagar aquelas feitas no Carnaval. Desde 21 de janeiro, o país registra média móvel diária de mortes acima de mil, indo na contramão do mundo, cujos números caem.

     

    Vacinação

    Até esta sexta-feira (19), o total de vacinados com a primeira dose no Brasil era de 5.614.633 ou 2,65% da população. Já o total de vacinados que receberam as duas doses era de 883.379 ou 0,42% da população.

    Só para efeitos de comparação, Israel, país com cerca de 9 milhões de habitantes e que foi um dos primeiros a correr atrás da vacina, com um programa extremamente ordenado e eficiente, 32% da população já havia sido integralmente vacinada.

     

    2022

    No fim do ano passado, o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, que é médico sanitarista, alertou, entrevista exclusiva ao SindSaúde-SP, que, se o governo federal continuar gerindo a pandemia do modo como vem fazendo, a crise pode durar até 2022 por aqui.

     

    Esse prognóstico tem sido corroborado por outras autoridades sanitárias. Afinal, quanto mais se atrasa a imunização, mais o vírus circula, mais mutações como as que temos visto ocorrem e mais difícil se torna debelar a pandemia.

     

    Infelizmente, Arthur Chioro parece ter razão.