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    Profissionais de saúde e a violência de gênero
    Autor: ​​​​​​​Editorial SindSaúde-SP
    03/12/2021

    No ano passado, o Brasil registrou 60.460 estupros, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A maioria das vítimas (86,9%) era de mulheres. Do total de registros feitos em delegacias do país, 60,6% das vítimas tinham até 13 anos. Pior! A maior parte desses crimes (85,2%) foi cometida por indivíduos conhecidos das vítimas, ou seja, o inimigo está, muitas vezes, dentro de casa.

     

    Ainda está em curso no país a Campanha 21 Dias de Combate à Violência contra a Mulher. Embora este texto tenha começado com o recorte da violência sexual, há muitas outras formas de se violentar a existência de uma mulher.

     

    No âmbito doméstico e familiar, as agressões podem ser físicas, psicológicas, morais, sexuais e patrimoniais, atitudes criminosas que foram potencializados durante a pandemia de Covid-19, quando as vítimas ficaram mais próximas de seus agressores.

     

    Ao longo da crise sanitária, o que se viu foi que a proximidade com o agressor impediu que muitas mulheres os denunciassem  por medo.

    Apesar dos avanços na legislação de combate à violência de gênero, ainda falta uma rede de proteção maior e mais eficaz para ajudar a vítima a quebrar o silêncio de suas dores. Nesse aspecto, os profissionais de saúde têm papel relevante na prevenção e combate a esses tipos de crimes.

     

    Nas portas de unidades básicas de saúde e hospitais boa parte desses profissionais se depara com as vítimas dos crimes de violência, seja ela física, sexual e psicológica.

     

    Como agir

    Ao deparar-se com esse tipo de crime, os profissionais de saúde devem seguir determinados protocolos. O primeiro passo é a escuta. Ouvir sem julgamentos e acolher a vítima, que muitas vezes se sente envergonhada, é a chave para que se ganhe confiança.

     

    Dado o primeiro passo, o profissional deve perguntar clara e diretamente, mas de modo cuidadoso, se a pessoa foi vítima de violência.

     

    Caso o profissional não se sinta confortável ou capaz de fazê-lo, deve buscar ajuda de outro colega da unidade. Isso porque, muitas vezes, dores crônicas, depressão e determinadas patologias, como doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), têm como pano de fundo situações de violência.

     

    Observar e apoiar

    As situações de violência ocorrem em todas as camadas sociais, mas as mulheres negras e periféricas são as principais vítimas. Muitas delas estão nessa situação não porque querem, mas porque dependem financeiramente de seus agressores. Ninguém escolhe ser violentada, tripudiada, agredida por gostar. Há muitas camadas por detrás de situações de violência. Reagir nem sempre é o caminho mais fácil e, portanto, é preciso compreender sem julgamentos as histórias de cada um.

     

    Por isso, os profissionais de saúde, até por sua formação e treinamento, podem ser relevantes no combate a essas formas de violência. Os principais caminhos são ouvir, acolher e não contribuir para revitimizar as vítimas.

     

    Além disso, a Lei nº 10.778/2003, que foi atualizada em 2019, obriga os serviços de saúde, públicos ou privados, de notificarem casos suspeitos ou confirmados de violência contra as mulheres, bem como comunicarem a autoridade policial em 24 horas após estarem cientes de ocorrências.

     

    Portanto, profissional de saúde, seu papel é muito importante para ajudar a proteger as vítimas e denunciar casos de violência. 

     

    Vamos apoiar as vítimas!