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    A falta de trabalhadores e o pré-colapso
    Autor: Editorial SindSaúde-SP
    14/01/2022

    O pós festas de fim de ano está causando uma ressaca daquelas no Brasil. Adentramos o começo do ano, o terceiro da pandemia de Covid-19, com muitos casos de Covid-19, impulsionados pela variante ômicron, que já é dominante no país. O que se vê, agora, é uma cena parecida com a que vimos no ano passado, quando os sistemas público e privado de saúde começaram a entrar em colapso.

     

    Ainda que a situação de agora seja muito diferente daquelas cenas terríveis que vimos em 2020 e 2021, a volta de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva e enfermarias de hospitais já acenderam o sinal vermelho de autoridades sanitárias.

     

    A maioria delas está reforçando não só a necessidade de vacinação contra a Covid-19, pois muitos dos que estão mais acometidos pela doença não completaram o ciclo vacinal, mas o reforço na manutenção dos protocolos sanitários, pois a ômicron, embora menos letal, se espalha com muito mais força.

     

    Atendimento em colapso

     

    Ao longo desta semana, dirigentes do SindSaúde-SP foram convocados para dar entrevistas em veículos de comunicação diversos para tratar de uma situação preocupante: muitos trabalhadores e trabalhadoras da saúde precisaram ser afastados de seus postos por estarem eles próprios contaminados, seja pela Covid-19, seja pela epidemia de gripe.

     

    O que se viu foi que muitos hospitais, como o Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto, tiveram que suspender visitas e adiar cirurgias eletivas por falta de pessoal. Em São Paulo, o Conjunto Hospitalar Heliópolis, na zona sul, chegou até mesmo a suspender a triagem do pronto-socorro e focar-se somente em casos muito graves.

     

    O que, mais uma vez, a situação nos mostra é: onde foi parar a torrente de dinheiro despendida para contratar organizações sociais para, justamente, cobrir os buracos que porventura surgissem no atendimento público?

     

    O SindSaúde-SP sempre defendeu e cobrou do governo do estado que realizasse mais concursos públicos em vez de terceirizar a saúde. A exemplo do que acontece com os planos de saúde, na hora que o paciente está mesmo precisando, quem resolve a situação é o Sistema Único de Saúde (SUS). Da mesma forma, só funcionário valorizado, concursado, com salário justo e dignidade de direitos consegue dar conta do recado.

     

    O que se diz por aí que que entre o salário da iniciativa privada e das organizações sociais, os profissionais de saúde preferem os primeiros. Então, cabe ao poder público solucionar essa equação, pois a conta não está fechando.

     

    Nos próximos dias, a previsão é de que a situação piore. Com a falta de profissionais de saúde e a dificuldade para repô-los de maneira imediata quando algum deles fica doente, o atendimento à população deve ficar comprometido.

     

    Sendo assim, é preciso que o governo do estado arregace as mangas e busca um remédio para a situação das unidades de saúde antes que todas elas vão para a UTI de vez.