Em defesa dos hospitais de Taipas e Penteado, SindSaúde-SP diz não à privatização
    Autor: Redação SindSaúde-SP
    19/04/2024



    Com gritos de "não, não, não à privatização" e "não, não, não, não somos ossos não" trabalhadoras e trabalhadores do Hospital Geral de Taipas, na Zona Norte da capital paulista, deram o recado ao governo de que a entrega da gestão da unidade será osso duro de roer. 

    A mobilização que fechou por alguns instantes uma das faixas da avenida Elísio Teixeira Leite, em frente ao hospital, nesta sexta-feira (19), encerrou uma manhã de diálogos e protestos para fortalecer a luta contra a terceirização em curso e em defesa da união por Taipas e também pelo Hospital Geral da Vila Penteado, mais um na mira do governo. 

    Em novembro do ano passado, governo já havia anunciado que iria privatizar as unidades e o Hospital Rota dos Bandeirantes, localizado na cidade de Barueri. Na ocasião ele chamou os dois primeiros de ossinho em contraposição ao ‘filé’ desejado pelos empresários.

    “Tem um monte de gente querendo administrar o Hospital de Barueri, o Sírio quer, o Einstein quer. Um monte de gente boa quer administrar e a gente disse o seguinte: já que vocês querem pegar o filé, vão ter que roer o ossinho também, vai levar junto o Taipas, vai levar junto o Vila Penteado e eu tenho certeza que a gente vai ter aí uma grande gestão”, disse.

    Saída é a mobilização 
    Logo no início do dia, uma delegação de dirigentes do SindSaúde-SP participou da reunião do conselho gestor do Hospital Geral de Taipas. A direção foi representada pela presidenta, Cleonice Ribeiro, e pelos secretários de Saúde do Trabalhador, Janaína Luna, o adjunto Assuntos Jurídicos, Andre Antonio Diniz (o Pudim), de Igualdade de Oportunidades, Renata Scaquetti, e pelos diretores das regiões Sudeste, João Luís Bento, Oeste I, José Carlos Salvador, Oeste II, Rinaldo de Novaes e Oeste III da Capital, Silas Lauriano Neto. 

    Ao final da discussão, Cleonice entregou uma carta ao Diretor Técnico de Saúde III, Alex Perez, na qual o sindicato aponta as preocupações com a entrega de mais um patrimônio público à iniciativa privada e os impactos para os 2 mil profissionais que se dedicam há anos para atender a população de bairros como Taipas, Pirituba, Jaraguá, Brasilândia e Perus, bairros periféricos da cidade. O mesmo documento também foi protocolado no Vila Penteado. 

    Após a reunião, em assembleia com ampla participação das trabalhadoras e trabalhadores, que se vestiram de preto em protesto ao cenário imposto pelo governo, a presidenta do SindSaúde-SP explicou como tem sido as negociações com o governo. Ela destacou que houve uma reunião com a Coordenadoria de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde (CRH-SES) no último dia 12, na qual a nova coordenadora, Sandra Siqueira Lima, se comprometeu a estar presente nesta manhã para dialogar com o funcionalismo, algo que não aconteceu. 

    Cleonice ressaltou que o SindSaúde-SP segue a cobrar que todos os direitos dos que fizeram concurso público sejam respeitados e arrancou o compromisso de que, se realmente ocorrer a terceirização, a empresa que assumir garanta a manutenção de 100% do pessoal. 

    Porém, ela destacou que a luta segue contra a entrega da unidade, algo que somente será possível se houver união na resistência. “Neste primeiro momento, a nossa orientação é de que nenhuma trabalhadora e nenhum trabalhador assinem nada sem falar com o sindicato, seja termo de anuência, de transferência ou aceite. Não podemos dar um cheque em branco para eles”, alertou. 

    A direção do sindicato lembrou ainda que o enfrentamento deve se dar ao lado dos profissionais que atuam também na Vila Penteado e apontou para a importância de mostrar o que tem acontecido com as servidoras e os servidores que passam a atuar junto às Organizações Sociais de Saúde (OSs). 

    Os dirigentes lembraram que a política adotada a partir da administração das OSs passa por buscar mecanismos que diminuam os custos, inclusive com a queda de atendimentos, como forma de ampliar o lucro das companhias com base nos recursos transferidos pelo Estado, e que passa também pelo desrespeito aos profissionais.  

    Situação que pessoas como a auxiliar de enfermagem Priscila Aparecida de Paula conhecem muito bem. Em 2022, ela trabalhava no Complexo Hospitalar do Juquery, quando a gestão foi terceirizada. 

    Segundo Priscila, a promessa era de integração, como a que o governo tem feito agora. Na ocasião, a equipe foi levada para conhecer as obras e ouviu promessas de melhoria na qualidade do atendimento. 

    Porém, após três meses de treinamento do pessoal da OS foi impedida de continuar no serviço. “Um dia, cheguei e o segurança me impediu de entrar. Ao longo de 17 anos de carreira, nunca tive uma falta e perguntei como deveria fazer. Fomos orientados a procurar a diretoria para escolher entre as opções de transferência que ainda haviam. À época eu tinha um filho pequeno e fiquei seis meses sem receber por insalubridade”, recorda, em um exemplo do que pode acontecer, caso a categoria não se engaje na luta.