Frouxo no combate à corrupção, nulo na saúde e caro no transporte: afinal, para que serve o Tarcísio?
    Autor: Gervásio Foganholi, presidente do SindSaúde-SP
    21/08/2025



    Curiosamente, tem passado despercebido e sido mantido bem longe do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o esquema de corrupção que levou à cadeia os donos da rede de farmácias Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o diretor estatutário da rede Fast Shop, Mario Otávio Gomes. 

    A situação fica ainda mais estranha quando comparamos a repercussão do caso de irregularidades fiscais e recebimento de propinas milionárias, que resultaram no prejuízo de R$ 1 bilhão desviados dos cofres públicos de São Paulo, com a forma como a fraude do INSS foi tratada e associada ao governo federal.

    Enquanto isso, bote ao qual a extrema-direita tem se agarrado, numa tentativa de construção de um candidato supostamente moderado, Tarcísio segue a dar provas de incompetência e mal uso do dinheiro público.

    Não bastasse a falta de investimento em políticas de transparência e combate à corrupção que pudessem proteger o dinheiro da população paulista e que resultado num caso só descoberto por conta do trabalho do Ministério Público de São Paulo (MPSP), o governador tem se notabilizo como um Pôncio Pilatos bandeirante. 

    Tal qual o governador da Judeia, Tarcísio é especialista em lavar as mãos e entregar o patrimônio público à alegria do empresariado: a Sabesp, além do impacto estratégico de abrir mão da água, um bem essencial, representou um prejuízo a São Paulo de R$ 4,5 bilhões por conta de ações vendidas por um preço 22% menor do que o do mercado.

    Em 2024, o governador paulista realizou o maior número de concessões dos últimos 25 anos e o preço, novamente, foi pago pela população: as linhas privatizadas de trem, por exemplo, tiveram o triplo de falhas em relação às sob gestão do estado. 

    Não bastasse isso, vem mais pancada para cima do povo: Tarcísio quer instalar ao menos 58 novos pontos de pedágios de cobrança automática nas estradas no sistema chamado de Free Flow, com cobrança automática e que rendem multa de R$ 195,23, além da perda de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), quando os valores não são pagos. 

    A política já tem feito empresários rirem de orelha a orelha. Um pedágio de cobrança automática instalado na rodovia Rio-Santos (BR-101) aplicou um milhão de multas entre setembro de 2023 e dezembro de 2024, que renderam mais de R$ 200 milhões.

    Mas não para por aí, somente na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, entre Praia Grande, no Litoral Sul, e Miracatu, no Vale do Ribeira, serão mais 11 pórticos. 

    Um modelo de destruição que já é bem conhecido e foi aprofundado na saúde, afinal, como já denunciou o SindSaúde-SP, são R$ 17,5 bilhões dos cofres públicos tirados do atendimento público à população e destinado ao poder privado por meio das Organizações Sociais de Saúde. 

    A ideia de bom gestor, transparente e competente, aliada à Tarcísio de Freitas, como fica nítido aqui, não se sustenta nem por cinco minutos e as perguntas essenciais que devemos fazer é se o governador não serve para gerenciar o estado, para que, afinal, ele serve? Qual é seu papel, além de mera personagem figurativa, à frente do maior estado do país? 

    O mais importante, será que a população de São Paulo concorda e está satisfeita com essa forma de governo?