28 de abril: investir na promoção à saúde para combater os acidentes de trabalho
Autor: Maria Aparecida do Amaral Godoi Faria
President
28/04/2011
Crédito Imagem: maria.jpg
Neste 28 de abril, “Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho”, mais uma vez, fazemos um balanço e reflexão sobre o cenário ainda nefasto que perdura no mundo do trabalho, vitimando tantas trabalhadoras e trabalhadores.
Apesar de em suas origens na antiguidade a palavra “trabalho” derivar de “tripalium”, do latim, que designa um instrumento de tortura utilizado para subjugar os escravos e, na atualidade, o capitalismo impor relações de exploração perversas, devemos resgatar o sentido humano do trabalho, enquanto uma forma de exercício da cidadania com desenvolvimento de nossas múltiplas capacidades, conhecimentos e criatividade.
A tríade vida, trabalho e saúde deve ser a base do desenvolvimento de mulheres e homens e se materializar em ambientes de trabalho saudáveis, boas condições de moradia, de alimentação, acesso à educação, cultura, entre outros.
Ao contrário desta perspectiva de vida saudável, hoje, o acidente de trabalho é a manifestação mais latente dos problemas de saúde no ambiente de trabalho, porém há doenças silenciosas que vão acometendo as trabalhadoras e os trabalhadores e vem tomando proporções de epidemia. No ramo da Seguridade Social, mais especificamente no setor saúde, temos uma realidade bastante adversa.
Segundo dados do Ministério da Previdência Social, em 2008, foram registrados 747.663 acidentes do trabalho no Brasil, sendo que a atividade econômica com o maior registro de acidentes é o “Atendimento Hospitalar”, contabilizando 42.616 acidentes, que representam 6% do total dos acidentes de trabalho. Estes números representam mais do que o dobro do número de acidentes de trabalho registrados, por exemplo, na Construção de Edifícios. Entre as 5 atividades econômicas com maior número de acidentes do trabalho também encontram-se a Administração Pública, Fabricação de Açúcar, Construção de Edifícios e Comércio Varejista.
Outro indicador mostra que a cada mil vínculos de trabalho formal, o Brasil registrou uma média de quase 23 acidentes do trabalho e as atividades de “atendimento hospitalar” aparecem com 62 acidentes para mil vínculos, portanto bem acima da média Brasil. Ainda se faz necessário salientar que estas informações se referem às notificações de acidentes à Previdência Social, que não abrange os trabalhadores da saúde do serviço público, o que torna ainda mais preocupantes estas estatísticas, devido à lacuna de informações e, consequentemente de políticas efetivas de saúde do trabalhador para o setor público.
Uma grave situação de risco às trabalhadoras e aos trabalhadores da saúde, tanto no setor privado quanto no setor público, é a contaminação biológica, da qual carecem dados, que também pode ter uma ação silenciosa e se manifestar quando os danos à saúde já se tornaram extremamente graves. Além disso, outro agravante à saúde são as condições inerentes à profissão, manifestas na convivência permanente com doenças, dor e sofrimento no ambiente hospitalar.
Dada a dimensão de nossos problemas, temos o desafio de pautar nossa organização e poder de mobilização para o combate às doenças e acidentes de trabalho, investindo em ações para resgatar a promoção da saúde no ambiente de trabalho, enquanto uma concepção avançada de Saúde do Trabalhador, através do fortalecimento da organização no local de trabalho com um olhar mais amplo para as diversas dimensões de vida da classe trabalhadora.
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