Saúde privada deixa 68 mil sem convênio
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    Saúde privada deixa 68 mil sem convênio
    Autor: Diário do Grande ABC
    10/05/2011

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    O que era para ser exceção virou regra no Grande ABC. Em menos de um ano três hospitais fecharam as portas e 68,8 mil pessoas ficaram sem atendimento, mesmo pagando o convênio médico em dia.

    A falta de planejamento fiscal fez com que a andreense Samcil fosse a mais recente operadora a ir à falência. Após concluir direção fiscal, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) deu prazo até sexta-feira para que a empresa venda a carteira de clientes ou então irá colocá-la em leilão judicial.

    Com o fechamento definitivo das portas já decretado, os 61 mil clientes devem passar por situação muito parecida com a que viveram os clientes do Di Thiene, do Hospital São Caetano, no fim do ano passado. Até aqui, muitos consumidores da antiga operadora ainda estão sem qualquer plano de saúde por conta da liquidação da carteira.

    "Foram pessoas que perderam o prazo dado pela ANS para migrar de operadora sem precisar cumprir carência. Quem conseguiu fazê-lo ainda teve de se adequar ao preço do mercado e desembolsar mais para pagar pelo convênio", lembra o diretor do Procon de São Caetano, Alexandro Guirão. O valor gasto aumentou em até R$ 70 para a maioria dos 7.800 clientes do antigo plano.

    Outro ponto que pegou especialistas de surpresa no caso da Samcil foi o pouco prazo para a venda direta da carteira de clientes. A empresa foi oficiada da situação na quarta-feira e teve apenas cinco dias úteis de prazo para negociar com interessados. "Cinco dias não são suficientes para isso, para garantir a aquisição e transferência de carteira, principalmente numa dificuldade financeira como a que passa a Samcil", relata Guirão.

    No Grande ABC, usuários do convênio já não conseguem mais agendar consultas e procedimentos na rede credenciada e, com o Hospital Mauá (do grupo) fechado, muitos reclamam de seguir pagando boletos. "Mas é preciso manter a mensalidade em dia para evitar mais dor de cabeça", orienta a diretora do Procon de Santo André, Ana Paula Satcheki.

    Segundo funcionários da empresa que preferem não se identificar, a dívida da operadora ultrapassa os R$ 700 milhões, sendo R$ 200 milhões para credores e fornecedores e R$ 500 milhões ao Fisco.

    Em nota, a empresa diz apenas "que está passando por um processo de transição e irá manifestar-se assim que este for concluído".

    Situação financeira da Samcil piorou após a morte de fundador

    O anúncio sobre as altas dívidas e o fechamento dos hospitais pertencentes ao grupo Samcil aconteceram após a morte do fundador da empresa, o empresário Luiz Roberto Silveira Pinto, que morreu em seu escritório no início deste mês. A ANS deu início ao pente-fino na operadora em janeiro, motivada pelo atraso no pagamento de fornecedores, a evasão de associados e a rotatividade da rede credenciada.

    Nos dois últimos anos, o grupo viu a carteira reduzida de 710 mil para 264 mil usuários e deixou de cumprir depósitos no fundo garantidor para evitar a quebra. Além do Hospital Mauá, o Hospital Modelo e o Panamericano fecharam as portas. Apenas dois seguem recebendo clientes: o São Leopoldo, em Santo Amaro, e o Vasco da Gama, no Belenzinho, mas ambos devem fechar definitivamente até sexta-feira.

    Grupo Amil tem interesse em carteira de clientes

    A empresa Ampla Saúde, pertencente ao grupo Amil, pode ser a última esperança dos usuários do plano de saúde Samcil. Fontes do setor garantem que ela fez proposta para comprar a carteira de clientes do grupo no início do mês. Com isso, ela seria a única com tempo hábil para confirmar a compra dentro do prazo dado pela ANS à Samcil.

    Procurada, a Amil não negou a negociação, mas disse não ter informações sobre o assunto. Vale lembrar que no último ano o grupo comprou a carteira de clientes da Dix Amico e da Medial Saúde. Já a Samcil avisa que "a empresa está passando por transição de presidência e diretoria, devendo se manifestar assim que o processo transitório terminar".

    Funcionários vão entrar com pedido de rescisão indireta

    Como o fechamento das portas já anunciado, o SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores do Setor Privado de Saúde do Grande ABC) afirma que entrará na Justiça pedindo a penhora de bens para garantir o pagamento dos salários atrasados aos 90 funcionários do Hospital Mauá e a rescisão indireta dos contratos para o pagamento dos direitos trabalhistas.

    "Eles ficaram com dois meses de salários e benefícios atrasados", diz o presidente Waldir Tadeu David.

    Um dos integrantes da diretoria da empresa, que prefere não se identificar, afirma que o grupo tem pago apenas quem ainda presta serviços e deve deixar de lado os que deixaram os postos até fechar as portas definitivamente.

    Diário do Grande ABC
    Paula Cabrera
    27 de abril de 2011









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