Lutamos com a mesma disposição, mas não com as mesmas armas
Sindicato unido e forte
desde 1989


    Lutamos com a mesma disposição, mas não com as mesmas armas
    Autor: Daniel Reis, Secretário de Comunicação da CUT/SP
    02/08/2011

    Crédito Imagem: Daniel-Reis.jpg

    As campanhas salariais do segundo semestre despertam a atenção de diversos setores da sociedade devido à importância das categorias e do volume de dinheiro que será injetado na economia. Porém, enquanto os mais progressistas torcem por aumentos reais de salário, visando o crescimento econômico e social do país, empresários e especuladores colocam em prática ações que prejudicam o trabalhador, o Brasil e a própria democracia. Utilizada como correia de transmissão da elite brasileira, a imprensa, desde o fim do primeiro semestre, promove o terror na população noticiando (diariamente) uma possível volta da inflação caso haja aumento real de salários. O Banco Central, muito preocupado com o futuro da nação e prevendo a forte campanha salarial dos bancários em todo o país, utilizou-se do mesmo discurso oportunista do risco da inflação para ajudar os “pobres” banqueiros, e elevou a taxa selic em 0,25% chegando a 12,50% ao ano (a mais cara do mundo), o que resulta na diminuição do volume de crédito e na ampliação do faturamento dos bancos e grandes aplicadores, arrefecendo nosso desenvolvimento. Nos meus vinte anos de militância sindical, senti na pele o que é a disputa de classes, presenciei centenas de golpes midiáticos, e pude acompanhar de perto as cruéis artimanhas utilizadas pelo capital para desmobilizar a luta dos trabalhadores. São práticas antissindicais que em seu estágio mais avançado resulta em assassinatos. Como o recente extermínio de trabalhadores rurais e líderes sindicais no Pará. Todos os dias, nós dirigentes sindicais, somos vítimas dessas práticas nefastas que ficam mais evidentes durante as campanhas salariais. São perseguições, demissões de sindicalistas, assédio moral, ameaças, criminalização e chantagens. Um exemplo disso foi à demissão do diretor do Conselho Fiscal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que trabalhava há 25 anos no Jornal de Piracicaba, após realizar uma manifestação na redação contra a mudança no plano de saúde. O proprietário do Jornal é também Presidente do Sindicato Patronal do Interior do Estado de São Paulo, o que demonstra um atraso nas relações de trabalho e a presença de resquícios de um passado escravocrata e de uma cultura conservadora e autoritária ainda enraizada na cabeça de muitos empresários. A ameaça à liberdade e autonomia sindical, que será tema da 13º plenária da CUT/SP realizada em agosto, não é privilégio apenas da iniciativa privada. Trabalhadores públicos também enfrentam cerceamento de direitos sindicais. É emblemático o caso do companheiro do Sindsaúde, José Anjuli Maia, dirigente sindical e motorista do Hospital de Guaianazes, demitido após questionar a direção do hospital pelo não cumprimento do acordo da jornada de 30 horas. Neste caso a Justiça funcionou, e anulou rescisão do contrato de trabalho por justa causa e ainda condenou o Governo do Estado de São Paulo a reintegrá-lo no prazo de 8 dias, pagando todos os salários e benefícios atrasados. Infelizmente notícias como esta fazem parte do dia a dia do movimento sindical, e a cada ano o empresariado, em uma verdadeira guerra pelo lucro, empunha suas armas contra a organização dos trabalhadores, ferindo Constituição de 1988. Nas campanhas salariais deste segundo semestre a CUT, como sempre, estará preparada para fazer o enfrentamento com o capital, mesmo sabendo que esse utiliza a mídia para criminalizar o movimento sindical, a polícia para reprimir e o judiciário (que na calada da noite expedi interditos proibitórios) para impedir a ação sindical próximo ao local de trabalho. Com todas as adversidades, a Central Única dos Trabalhadores e seus sindicatos, que nunca fugiram a luta, mostrarão suas principais armas nesta batalha: a sua militância, resistência e o poder de mobilização, pautados pela consciência do nosso papel social na luta dos direitos dos trabalhadores e pelo fortalecimento da democracia.









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