Vitória popular contra Serra
Autor: CUT
27/03/2008
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CUT e suas entidades, com os movimentos sociais, implodem privatização da CESP e fazem ato para comemorar a conquista
A Cesp não vai ser vendida hoje (26) à iniciativa privada, o que frustra a mais recente manobra do projeto neoliberal tucano para privatizar o patrimônio público. Pela manhã, o movimento sindical fez ato pelas ruas do Centro de São Paulo para comemorar esta vitória.
Ontem mesmo, poucos minutos depois do meio-dia, a boa notícia começou a circular: informações extra-oficiais davam conta de que nenhum dos grupos anteriormente interessados em arrematar a CESP apresentou as garantias para participar do leilão que o governo do tucano Serra insistia em realizar nesta quarta-feira (26), na Bovespa.
Junto com a página virtual do Sinergia-CUT (Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo), o portal do Estadão foi o primeiro a publicar a derrocada do leilão, destacando que a informação havia sido confirmada por fontes ligadas à tentativa de venda.
Para participar do leilão, os eventuais interessados na compra da terceira maior geradora do Brasil tinham exatamente até o meio-dia para apresentar suas garantias - no valor de R$ 1,74 bilhão - junto à Câmara Brasileira de Liqüidação e Custódia (CBLC).
Por volta das 13h30, a CBLC publicou comunicado informando que "após encerrado o prazo determinado no cronograma do edital de alienação de ações do capital social da CESP, os participantes pré-identificados não apresentaram garantias financeiras".
"Bacia das almas"
Silêncio sepulcral abateu-se no Palácio dos Bandeirantes, agora ocupado pelo tucano José Serra, que dá continuidade à política neoliberal e à privataria que começou em São Paulo há quase treze anos.
Depois de pressionado pela grande imprensa, Serra falou. E disse que os compradores tentaram, até o fim, diminuir o preço mínimo para a compra da estatal. "O pessoal queria um valor menor, mas nós não vendemos na bacia das almas", disse o governador a jornalistas. Serra disse também que os interessados tiveram dificuldades para captar financiamento no exterior, em virtude da crise internacional puxada pelos Estados Unidos.
Mas há outro elemento nesse quesito empréstimo. Os interessados - CPFL, Neoenergia, EDP Energia do Brasil, Tractebel e Alcoa – buscaram o BNDES para tentar obter capital. Porém, a CUT-SP e as demais entidades da Frente Paulista Pelos Serviços Públicos e Contra a Privatização ameaçaram ingressar com uma ação para impedir o banco de financiar a ‘simples’ mudança de controle da Cesp. As atuais regras do órgão estabelecem que o dinheiro pode subsidiar somente o ingresso de grupos que atuem na construção de novas usinas para aumentar a oferta de energia no país.
Vitória da resistência
A verdade é que o novo fracasso é resultado da pressão e da resistência da CUT, do Sinergia, dos trabalhadores e dos movimentos sociais que continuam denunciando as inúmeras ilegalidades, resultado da pressa do trator tucano.
Para Edílson de Paula, presidente da CUT-SP, agora o governo terá que discutir com a população a entrega do patrimônio estatal. "Ficamos satisfeitos com essa grande vitória dos trabalhadores. Espero que a situação mostre ao governador que só se governa um Estado com a participação da população", apontou.
"No governo Lula, a gestão tucana não teve a mesma facilidade para conseguir dinheiro, inclusive no BNDES, como teve o ex-governador Alckmin durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", alerta Gentil Teixeira de Freitas, secretário geral do Sinergia CUT. "O patrimônio construído com o suor do povo tem que ficar nas mãos da população", completa. O governo federal, inclusive, não renovou a concessão das usinas de Ilha Solteira e Jupiá, que Serra queria que integrassem o pacote (embrulhado para presente) de venda da CESP.
Acompanhe os principais momentos da luta contra a privatização da CESP e as últimas mentiras do Serra
Mentira 1 - No último dia 06 de março, o governador tucano divulga nota à imprensa afirmando que havia recebido garantias do presidente Lula de que a renovação das concessões das usinas de Ilha Solteira e de Jupiá estavam certas. Foi desmentido pouco tempo depois - pelos fatos e por nota oficial do ministro das Minas e Energia, Edson Lobão.
Mentira 2 - Semana passada, no último dia 22, a assessoria do governador tucano distribui outra nota à imprensa para divulgar reunião com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. A nota afirmava que o banco garantiria o fianciamento de 50% do preço mínimo do leilão. Foi desmentido pelos fatos e pelo fracasso na venda.
Memória
Depois de entregar quase todo o patrimônio energético de SP, o tucano Alckmin fracassou em outras duas tentativas de vender a CESP. A primeira foi em 6 de dezembro de 2000, em meio a batalhas judiciais. O leilão remarcado para 16 de maio de 2001 foi novamente cancelado por falta de interessados e por liminar conquistada pelo Sindicato. Sete anos depois, o terceiro fracasso vai para a conta do tucano Serra.
A luta, na data marcada
As entidades da Frente Paulista Pelos Serviços Públicos e Contra a Privatização estiveram na manhã de ontem nas estações de Metrô de São Paulo com o objetivo de alertar a população sobre o risco de aumento de tarifas e apagão, como aconteceu na primeira semana de março. Na ocasião, cerca de 3 milhões de moradores de São Paulo, Taboão da Serra e Embú ficaram sem energia elétrica, durante uma hora, na área sob concessão da Companhia de Energia Elétrica Paulista (Cteep), uma das concessionárias para a qual o governo do PSDB entregou uma parte da energia paulista.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia)-CUT/SP, que ingressou com uma ação popular contra o ‘barateamento’ do valor da companhia, Gentil de Freitas apontou que a atuação do governo federal foi fundamental para o desfecho da venda. "Essa foi a terceira tentativa de privatização. As duas anteriores foram em 2000 e 2001.
São Paulo não está à venda.
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