Sindicato unido e forte
desde 1989


    Carta Aberta em Defesa do SUS e dos(as) Trabalhadores(as) da Saúde
    Autor: Redação - SindSaúde-SP
    07/04/2020

    Crédito Imagem: SindSaúde-SP

    O SUS, Sistema Único de Saúde é uma conquista do povo brasileiro, resultado da luta dos movimentos sanitaristas desde os anos 70, que ganhou a força de todos que lutavam pela redemocratização do país. Se misturou nos anos 80 com a ideia de democracia.

    Porque o SUS é democracia, o acesso à saúde para todos(as) é elemento básico para qualidade de vida, e todos tem o direito a viver bem.

    Já aprendemos que saúde não é só ausência de doença, mas significa ter acesso à alimentação de qualidade, moradia com saneamento, um trabalho decente, uma renda necessária para viver com dignidade, direitos humanos e até mesmo a preservação da natureza.

    Por isso, e não à toa, houve a criação de um sistema nacional que envolvesse cidades, estados e o governo federal, e que tivesse a amplitude necessária para garantir a universalidade, a integralidade e a equidade como conceitos primordiais do recém nascido SUS.

    Não é possível dissociar a luta dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde com a luta por democracia. E é assim também com a história do SindSaúde-SP. Não existe como separar a história da organização dos profissionais da saúde no Estado de São Paulo das lutas pelos direitos e por justiça social.

    O SindSaúde-SP nasceu enquanto sindicato justamente em 1989, mas já existia como associação. A primeira conquista foi justamente o direito de sindicalizar funcionários públicos, o que era proibido até a nova Constituição. Desde então lutamos incessantemente para que os diferentes governadores do Estado de São Paulo reconhecessem a importância de cuidar de quem cuida.

    Infelizmente, o que deveria ser óbvio, sempre exigiu luta, sacrifícios e mobilizações. Diversas greves, paralizações e atos. Nada nos foi dado, tudo foi conquistado a duras penas. E nós não fraquejamos, conseguimos vitórias históricas como a jornada de 30 horas, diversos aumentos salariais e a criação das COMSATs - Comissões de Saúde dos Trabalhadores, um modelo de promoção da saúde no trabalho muito mais avançado que as CIPAs.

    Tivemos responsabilidade com o conjunto da sociedade paulista, nunca fomos um sindicato corporativista que restringiu sua luta aos ganhos econômicos para a própria base. Defendemos a saúde pública participando de todas as conferências de saúde, pressionando a elaboração do orçamento na ALESP e lutando por recursos para os hospitais e unidades de saúde.

    Denunciamos como a precarização do serviço público era ruim para todos. Lutamos, e muitas vezes isolados, na defesa do funcionalismo público. Tivemos coragem para ser contra a implementação das OSSs - Organizações Sociais de Saúde, e todo o tipo de terceirização. Sempre denunciamos a falta de condições dignas a qual estão submetidos aqueles que cuidam da população.

    Muitas vezes a sociedade chegou a ter uma imagem negativa de nós. É bem verdade que o absurdo dito pelo Ministro da Econômica Paulo Guedes sobre o funcionalismo caberia no discurso de muitos outros dirigentes políticos. Muitos afirmaram a saúde e os salários do funcionalismo como gastos, com os quais o Brasil não poderia arcar.

    Mas o que nos conforta é que sempre estivemos do lado certo, hoje a importância do SUS, da administração direta dos serviços de saúde, da pesquisa e do investimento em pessoas e tecnologias são inegáveis. Mas se os governantes, partidos e parcela da sociedade tivessem nos escutado, hoje estaríamos em outra condição para enfrentar a Pandemia.

    Infelizmente, esse aprendizado ocorre com o custo mais alto possível, adoecimento de pessoas que não precisariam adoecer e mortes de quem não precisaria morrer. Hoje mais de 40% dos trabalhadores da saúde podem ser enquadrados como grupo de risco, pois tem mais de 60 anos ou doenças crônicas. Muitas das doenças foram adquiridas no próprio trabalho, em 2017 mais da metade dos servidores pediram afastamento por adoecimento.

    O descaso com nossos trabalhadores e trabalhadoras, a falta de concursos públicos, somados à falta de condições de trabalho e um tipo de profissão que naturalmente está submetida a um ambiente tenso e estressante, tudo isso ao longo de quase 30 anos, gerou uma categoria majoritariamente adoecida.

    Mas não nos negamos a estar no fronte dessa batalha contra o Covid-19. Estamos todos os dias nos transporte público indo para os hospitais e tratando das pessoas que foram, ou não, contaminadas pelo vírus. O SUS hoje tem uma responsabilidade nacional de impedir mortes desnecessárias e dar tratamento aos que precisam, e nós temos orgulho de sermos profissionais da saúde.

    Esperamos que nossa sociedade saia maior e melhor desse conjunto de crises que enfrentamos. Que o SUS e as pessoas que todos os dias lutam por ele, seja trabalhando, seja se organizando politicamente, que esses heróis anônimos sejam a partir de agora incondicionalmente valorizados.

    Nossa luta sempre foi, e continuará sendo, pela vida de todos, ricos ou pobres. Nosso cotidiano é dar nosso tempo e nossa vida para que toda a sociedade tenha bem estar. Não somos parasitas, não somos preguiçosos, trabalhamos em média 50 horas por semana para completar um salário que se aproxime da dignidade.

    Portanto, nesse dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, gostaríamos que toda a sociedade homenageasse nossos heróis que eram até ontem invisíveis, e que hoje estão lutando por nós, pela nossa sociedade e por tudo que acreditamos ser enquanto Seres Humanos.

    Pela vida, pelo SUS!









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