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    Mais de um século depois, a abolição ainda não chegou ao Brasil
    Autor: SINDSAÚDE-SP
    13/05/2021

    Crédito Imagem: SINDSAÚDE-SP

    Neste 13 de maio, completam-se 133 anos desde que a Lei Áurea, que oficializou o fim da escravatura no Brasil, foi assinada. Mas não há o que ser comemorado. Inclusive, a data nem é celebrada pelo movimento negro e motivos não faltam para isso. Em vez de festa, a data nos convoca à conscientização de que precisamos refletir e mudar o estado de coisas neste país.

     

    Primeiramente, o Brasil foi o último país no mundo a abolir a escravidão. E, quando o fez, não promoveu ações que inserissem o povo preto na sociedade. Eles tampouco foram indenizados pelos anos de trabalho forçado.

     

    Quem defende a ideia de que não existe racismo no Brasil, acredita que é “mimimi” quando um negro clama por seu lugar de direito na sociedade. Contudo, quando olhamos pelo retrovisor da história, constatamos que, aquilo que começou lá atrás, tem reflexos na sociedade até hoje.

     

    Afinal, foram mais de 300 anos de escravidão, de trabalho forçado, de apagamento de identidades e, principalmente, de sua história.

     

    Democracia racial?

     

    Em seu livro, “Pequeno Manual Antirracista”, a filósofa Djamila Ribeiro aborda a questão racial no Brasil, dizendo que o pior do racismo do brasileiro é o silêncio travestido de uma suposta igualdade racial, a qual, na prática, não existe.

     

    O racismo à brasileira, segundo a autora, é parte da cultura e da alma do país, o que significa que somos todos, essencialmente, racistas. E quando não damos às coisas os nomes que elas têm, avanços significativos ficam cada vez mais distantes.

     

    Ainda que as políticas sociais afirmativas - especialmente o sistema de cotas instituído pelos governos de esquerda, que garantiu o acesso às universidades pelo povo preto - tenham começado a mudar um pouco a ordem social ao possibilitar-lhes ter voz, ainda há um longo caminho a ser trilhado.

     

    Não podemos nos esquecer nunca, afinal, que os negros são os que mais morrem, os que mais sofrem da violência diária, seja explícita ou envolta em diversas camadas, e os que mais estão apartados socialmente.

     

    A pandemia de Covid-19, por exemplo, escancarou ainda mais as desigualdades sociais no Brasil e os negros são os mais afetados por esse grande mal que assola o mundo.

     

    Futuro

     

    O dia em que a sociedade brasileira se olhar no espelho e o povo preto conquistar, definitivamente, seu lugar de direito, talvez cheguemos a algum lugar. Temos que nos conscientizar, de uma vez por todas, que os males de que sofremos habitam nesse abismo racial e social, turbinado pelas distorções impingidas pelo capitalismo.

     

    Nós, enquanto sociedade, precisamos não ter vergonha de admitir que erramos, que insistimos no erro constantemente para que, a partir daí, possamos começar a construir uma sociedade mais justa e realmente democrática, com oportunidades iguais para todos.

     

    Quando negamos ao povo preto um passado, uma história, uma identidade, um pertencimento, ou seja, um presente e um futuro, estamos negando tudo isso a nós mesmos.

     

    A escravidão é um dos episódios mais vergonhosos da história do Brasil e do mundo. Quando formos capazes de admitir isso e, realmente, nos mover enquanto sociedade sem o véu do racismo, talvez aí possamos chegar ao longínquo país do futuro.










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