Crises sanitárias e o desmonte dos serviços de prevenção  
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    Crises sanitárias e o desmonte dos serviços de prevenção  
    Autor: Alexandre Senna*
    18/05/2020

     
    O país e o mundo infelizmente atravessam diversas crises simultâneas. A pandemia do Covid-19 parou a economia global e evidenciou fragilidades em muitos países, como nos Estados Unidos e na China, que não têm sistemas de saúde públicos nacionais.
     
    Aqui no Brasil existe uma outra crise que para muitos passa desapercebida, a crise da vigilância sanitária e do controle epidemiológico. O SindSaúde-SP vêm denunciando e já organizou diversos atos para mostrar ao governo do estado e à população o quanto é irresponsável o desmonte da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).
     
    Em paralelo ao Coronavírus, temos no Brasil a volta do sarampo e um surto de dengue. O total de casos de dengue no país, no mesmo período, é de 484.249, número 15% superior ao mesmo intervalo de 2019, quando foram 420.911 notificações, segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
     
    Diversos estados já decretaram alerta por conta do aumento descontrolado dos casos de dengue. E o sarampo segue o mesmo caminho, no Rio de Janeiro, por exemplo, teve um aumento de 25 mil%. Isso mesmo, entre janeiro e março o Rio saltou de 2 casos em 2019, para 501 casos em 2020.
     
    No estado de São Paulo não é diferente, entre março e abril o número de casos de sarampo dobrou. Eram 280 casos diagnosticados em março, mas em abril alcançamos 577 casos no total. Ano passado vivemos um surto somando 17 mil casos e 14 mortes.
     
    A taxa de mortalidade é baixa, mas cada morte é uma pessoa que deixou uma família, não são simples números. Mas o pior ocorre quando percebemos que são mortes completamente evitáveis. Em 2016, o Brasil tinha alcançado a certificação de um país livre de Sarampo e perdemos esse título em 2019.
     
    Nosso país tinha todas as condições para enfrentar todas essas doenças, temos um dos maiores sistemas públicos de saúde, grandes universidades que lideram pesquisas na área da medicina, e órgãos públicos capazes de produzir e distribuir vacinas.
     
    Mas em vez de valorizar e fortalecer tudo isso, o governador João Doria Jr.  aprofunda o desmonte da saúde. A Sucen atravessa uma crise profunda, sem concursos e com seus funcionários trabalhando em situação precária..
     
    Agora, pagamos o preço por uma visão privatizadora, que enfraqueceu os serviços de controle de endemias. Vimos entre 2017 e hoje a expansão da chikungunya, a explosão da dengue e o retorno do sarampo. E a chegada do covid-19, infelizmente, se soma ao caos da prevenção e do controle sanitário.
     
    O SindSaúde-SP seguirá na luta, em defesa dos trabalhadores da saúde pública, mas também do SUS, e convidamos toda a sociedade para impedirmos os crimes que estão em curso.

    *Alexandre Senna é secretário de Comunicação e Imprensa do SindSaúde-SP