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    O dilema dos concursados e a fala de Gorinchteyn
    Autor: Redação - SindSaúde-SP
    05/03/2021

    O noticiário “Fala Brasil”, da “TV Record”, mostrou reportagem, na quinta-feira (4), falando do drama de pouco mais de 800 enfermeiros aprovados num concurso público de 2017 do governo do estado de São Paulo e que, até hoje, esperam ser convocados. Melhor dizendo, de todos os aprovados, apenas oito foram nomeados e 300 chegaram a assinar a declaração de anuência, uma das etapas exigidas para assumir a vaga.

    A reportagem, que teve participação da presidenta do SindSaúde-SP, Cleonice Ribeiro, mostra ainda que 30 deles entraram na Justiça para tentar garantir a vaga. São pessoas que, ao saberem da aprovação, largaram suas cidades e outros empregos para se tornarem servidores públicos.

    Voluntariado

    A ironia da situação é que, um dia depois da veiculação da reportagem, o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, veio a público pedir que profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, se voluntariem para trabalhar no cuidado de pacientes com Covid-19 em São Paulo. Oi?!?

    “Estamos em guerra”, disse Gorinchteyn, ao falar sobre a situação da pandemia na tarde de sexta-feira (6), no Palácio dos Bandeirantes, e pedir apoio de entidades de profissionais de saúde na busca por voluntários.

    Como disse a presidenta do SindSaúde-SP na reportagem da “TV Record”, “as pessoas vão envelhecendo, adoecendo e se aposentando e o governo não repõe pessoal”.

    Pedir que profissionais de saúde se voluntariem é um descaramento do governo de São Paulo. Não é de hoje, o SindSaúde-SP vem denunciando a situação de falta de pessoal em hospitais e demais unidades de saúde do estado.

    Vários diretores do Sindicato relatam o esgotamento das equipes de saúde de suas bases neste ano de pandemia, situação que poderia ser minimizada caso o governo do estado convocasse os concursados.

    Campanha Salarial

    Nesta semana, teve início a Campanha Salarial 2021, que traz como lemas justamente a valorização da trabalhadora e trabalhador da saúde pública e a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). Também tiveram início as etapas locais do 13º Congresso SindSaúde-SP.

    Valorizar significa dar reajuste decente e garantir os direitos que o governo estadual, há anos, vem usurpando do funcionalismo público. Valorizar também significa ter reconhecida a sua dignidade como trabalhadora e trabalhador da saúde.

    Pandemia

    Por que o Sindicato decidiu por esses dois lemas? Porque o SUS é feito de gente de valor, que são as trabalhadoras e trabalhadores, e porque o Sistema Único de Saúde é patrimônio dos(as) brasileiros(as).

    Na pandemia, nos demos conta da importância do SUS. Sem ele, estaríamos muito pior, especialmente a população mais fragilizada, que não tem dinheiro ou convênio médico para receber atendimento privado.

    Por isso, precisamos, mais do que nunca em nossa história, defender o SUS e dizer não ao seu desfinanciamento.

    Nota de pesar

    É com muito pesar que o SindSaúde-SP lamenta todas as mais de 260 mil vidas perdidas para a Covid-19 no Brasil. Esta semana, novamente, o país bateu recordes diários de mortes pela doença, e não podemos normalizar essas perdas. Devemos, isso sim, ter empatia com os familiares que hoje choram por seus entes queridos.

    Nós, profissionais de saúde, sabemos o quanto dói em nós cada vida que se vai. E isso está longe de ser frescura e mimimi.