É preciso acabar com o discurso do ódio para não haver mais crimes de ódio
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    É preciso acabar com o discurso do ódio para não haver mais crimes de ódio
    Autor: Jorge Alexandre - Secretário de Comunicação
    27/04/2021

    “Nós todos temos que lembrar que crimes de ódio são precedidos por discursos de ódio.” A frase é do advogado senegalês Adama Dieng, que foi conselheiro especial da Organização das Nações Unidas para a Prevenção do Genocídio.

    Em um vídeo feito pela ONU para falar sobre o discurso de ódio, Dieng nos lembra que muitos dos crimes de genocídio enfrentados pela humanidade no passado e ainda no presente começaram com um discurso de ódio.

    Entre os crimes de ódio que tiveram como pano de fundo um discurso, ele rememora o genocídio de Ruanda, um massacre do grupo étnico tutsi (a maioria), organizados pela elite política de outra etnia, os hutus.

    História e dias atuais

    O genocídio de Ruanda ocorreu entre 7 de abril e 15 de julho de 1994, foi pouco noticiado pela mídia nacional e internacional (um pé de página, no máximo, nos principais jornais brasileiros), mas se tornou conhecido com o belo e triste filme “Hotel Ruanda” (quem não assistiu ainda, por favor, assista!).

    A brutalidade foi tamanha que o número de mortos é estimado entre 500 mil a 1 milhão de ruandenses, o que corresponde a 70% da população tutsi!

    Nos dias atuais, o mundo tem acompanhado o genocídio em Mianmar contra o povo Rohingya, um grupo étnico seguidor do islamismo – lembrando que Mianmar é majoritariamente um estado budista.

    Voltando ao vídeo, Dieng ainda nos chama a atenção para o crescimento de grupos neofacistas e neonazistas que têm como principal bandeira os discursos de ódio, que envolvem ataques contra religião, etnia, nacionalidade, raça, cor, a ascendência, gênero ou outros fatores de identificação.

    Brasil

    Infelizmente, a história parece não nos ter ensinado o suficiente sobre os erros e massacres do passado, como o Holocausto e os genocídios contra povos indígenas, tanto aqui no Brasil como no continente americano em geral.

    No Brasil, desde as Jornadas de Junho de 2013, abriu-se uma linha divisória política e o discurso de ódio foi amplificado. Felizmente, esses grupos não são a maioria, mas o estrago que fazem é tão grande que não se consegue debelar facilmente o incêndio provocado por suas palavras e ações.

    Um ponto importante a destacar na fala do ex-conselheiro da ONU é a força da palavra. O linguista americano Noam Chomsky fala muito disso. Por essa razão, é necessário que mudemos as narrativas para que não sirvam de combustível para ações de ódio.

    A saída, na visão de Dieng, é educar os mais jovens. Só a educação, nas palavras dele, pode pavimentar a estrada da esperança de um futuro com mais empatia pelo próximo.

    “Temos que fazer todos os esforços para investir em educação, na juventude, para que a próxima geração entenda a importância de se viver em paz juntos. Precisamos mobilizar a juventude, usar o verbo para que se torne uma ferramenta para a paz, uma ferramenta para o amor, uma ferramenta para aumentar a coesão social e a harmonia no nosso mundo, em vez de ser uma ferramenta para cometer genocídios e crimes contra a humanidade”, disse.

    Esse papel é de todos nós – profissionais de saúde, educadores, sindicalistas, políticos, pais, mães, irmãos, amigos, empresários, trabalhadores(as) etc. etc. Todos nós, enquanto sociedade, temos responsabilidade em mudar a narrativa do ódio, não retransmitindo notícias falsas e não replicando discursos que incitem o ódio contra um grupo ou alguém.

    Só assim começaremos, de verdade, uma mudança rumo a uma vida melhor e de paz para todos(as).

    Juntos somos mais fortes!