Artigo
Em algum momento da vida, você deve ter escutado a máxima: “O trabalho dignifica o homem”, e assim é tratado por muitos, como uma qualidade de caráter e honra ao ser humano. Apesar dessa visão romântica, há estudos que apontam que a origem da palavra trabalho vem do latim tripallium, nome de um objeto de tortura que, no século VI, era usado pelos romanos. Daí surgiu o termo tripaliare, que significava ferir alguém com tal instrumento.
Já na Idade Média, com o fortalecimento das línguas de origem latina – tomada pelos resquícios romanos –, tripaliare se consolidou como “trabalho” (em português), travail (francês), trebajo (catalão), trabajo (espanhol), e travaglio (em italiano, sendo associado ao trabalho de parto), termos que faziam alusão à tortura e não a algo compensatório, tendo em vista que, naquele momento da história, apenas os mais pobres e escravos tinham a função de realizar tarefas árduas, pois a nobreza e a igreja apenas recebiam os louros.
O trabalho só passa a ser reconhecido como algo “digno” pela alta sociedade com a Revolução Industrial (fim do século 18 e início do 19), quando a burguesia precisa colocar na cabeça do povo que o trabalho, peça fundamental para obtenção do lucro, era algo importante, mas a classe operária continuava a ser explorada, cumprindo jornadas exorbitantes e ganhando muito pouco.
Foi naquele momento histórico que os primeiros movimentos organizados pelos trabalhadores, encabeçados pelos sindicatos, fez-se presente. Com muita combatividade, greves e mobilizações, todo o cenário de tortura que ainda se mantinha foi sendo transformado e, finalmente, o trabalho passou a ser realmente algo compensatório.
Atualmente, três séculos depois das primeiras lutas por direitos que ofereceram dignidade e qualidade de vida aos trabalhadores, infelizmente, estamos vendo tudo desmoronar. Passou o teto de gastos, passou a lei da terceirização, passou a reforma trabalhista, passaram as reformas da previdência estadual e federal, e passou a primeira reforma administrativa estadual.
Mas, inspirados nos bravos trabalhadores(as) que enfrentaram seus patrões no século 18, vamos nos mobilizar e, unidos, ainda podemos derrotar a reforma administrativa federal (PEC 32) e a segunda reforma administrativa do governo estadual (PLC 26).
Somente com a união das trabalhadoras e dos trabalhadores será possível barrar essas leis que colocam em xeque tudo o que já conquistamos até aqui.
Juntos somos fortes!