Aumento salarial, pero no mucho
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    Aumento salarial, pero no mucho
    Autor: SindSaúde-SP
    11/02/2022

    Foi preciso uma pandemia, uma eleição e uns quatro anos de espera para que os profissionais da saúde pública do estado de São Paulo tivessem o mais do que merecido reajuste salarial. Com pompa e circunstância, o governador João Doria Jr. anunciou aumento de 20% ao pessoal da área técnica das administrações direta e indireta, e também para aposentados da saúde. Já para os profissionais do administrativo, o percentual será de 10%.

     

    A subseção SindSaúde-SP do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) debruçou-se sobre as contas apresentadas pelo governador durante o anúncio e, ao que tudo indica, o reajuste será sobre o salário base e o prêmio de incentivo. No entanto, é preciso esperar o texto do projeto, que deve ser encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na semana que vem, para saber ao certo a fórmula do cálculo.

     

    Por ora, o que sabemos é que, antes de anunciar esse aumento, que também contempla o pessoal da segurança pública, Doria retirou uma série de direitos das trabalhadoras e trabalhadores da saúde.

     

    O profissional de saúde, seja da ativa ou não, está sentindo no bolso o arrocho. Aposentados passaram a pagar a previdência. Os da ativa tiveram sua contribuição aumentada. Fora isso, o IAMSPE ficou mais caro, inclusive para os dependentes dos conveniados. O golpe final foi dado no ano passado, com a Lei 1.361, de 21 de outubro de 2021, que retirou direitos importantes, como a correção automática do adicional de insalubridade, o qual, em muitos casos, representa até 40% da remuneração total de um trabalhador da saúde.

     

    Ao fim e ao cabo, não é exagero dizer que os próprios profissionais de saúde estão pagando o próprio reajuste. E se 20% parece um percentual interessante a princípio, basta lembrar que o último reajuste foi de 3,5% em 2018 e só agora, em 2022, os 20% chegam.

     

    Além disso, enquanto tirava dos trabalhadores da saúde e aposentados, em 2020 um projeto do governador aprovado pela Alesp destinou R$ 381 milhões a mais para o Tribunal de Justiça de São Paulo pagar salários e despesas com pessoal.

     

    Em um programa de entrevistas, questionado sobre o arrocho em cima dos aposentados, Doria disse que tirava deles para dar aos pobres, ao mesmo tempo em que se disse contrário à tributação de herdeiros e grandes fortunas, uma gente de bem que “trabalhou para subir na vida”.

     

    Agora, o outro lado

     

    Colocando todos os senões de lado, o reajuste veio, ao menos. Sabemos que só veio agora porque, daqui a pouco, o governador não poderia dá-lo. Em abril, ele se desincompatibiliza do cargo para concorrer à Presidência da República. Com 2 a 3% das intenções de votos para presidente, ele queria sair bem na fita com os profissionais de saúde que deram tanto na pandemia, além dos policiais, claro!

     

    Mas é importante não nos esquecermos do passado. O governador sempre se negou a negociar com o Sindicato e, somente há alguns meses, esse canal foi possível com o secretário da saúde, Jean Gorinchteyn.

     

    Ainda que o percentual tenha sido anunciado ao custo de muitas perdas às trabalhadoras e trabalhadores da saúde, isso só foi possível porque o Sindicato interveio em favor deles(as) para a construção desse diálogo.

     

    Queremos, no entanto, reafirmar o nosso compromisso, aqui, de que estaremos alertas e mobilizados quando o texto do reajuste for encaminhado à Alesp. E continuaremos lutando e negociando para reaver os direitos que foram perdidos e para que não haja nenhum direito a menos.