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    A tragédia de todos nós todos os anos
    Autor: Editorial SindSaúde-SP
    18/02/2022

    Sim, sabemos que as preocupações dos profissionais de saúde são tantas, mas esta semana não tem como escaparmos de um assunto trágico, estampado nas manchetes dos principais jornais do país, nos principais sites de notícias e canais de TV. Não há como fazermos vistas grossas para a maior tragédia deste ano neste país que, ao que parece, já nasceu para ser trágico. Estamos falando de Petrópolis, cidade afogada por fortes chuvas esta semana, que se tornou um verdadeiro campo de guerra em meio à água, pedra e lama, com 129 vidas perdidas até o momento e outras tantas ainda desaparecidas sob a lama.

     

    Nós, do SindSaúde-SP, nos solidarizamos profundamente com as vítimas dessa tragédia, que poderia ter sido evitada. Em 2011, a região serrana do Rio de Janeiro, onde está Petrópolis, já havia sido atingida por fortes chuvas que mataram quase mil pessoas. Mil pessoas!

     

    Daquela época, vários projetos foram feitos para reduzir os impactos das chuvas que sempre assolam aquela região, cuja topografia deixa moradores em situação ainda mais vulnerável, mas muitas dessas propostas permaneceram engavetadas, seja nos gabinetes da prefeitura local, seja nos do governo do estado.

     

    Sabe-se que havia dinheiro disponível para projetos de contenção das águas, como a reforma de um túnel com a finalidade de desviar o excesso de água dos rios durante os temporais. Mas como sempre ocorre neste país quando os interessados são os menos favorecidos, tudo continuou na mesma.

     

    Não se pode dizer que não haveria vítimas na tragédia, pois o volume de chuvas foi considerado raro. Segundo a Climatempo, a média de chuvas para fevereiro é de aproximadamente 200 milímetros e, em apenas três horas, choveu o equivalente a 230 milímetros em algumas áreas da cidade na última terça-feira (15). Mas, se as obras prometidas tivessem sido feitas, provavelmente o número de vítimas seria menor.

     

    Ainda não se pode afirmar que as chuvas estejam relacionadas com as mudanças climáticas, mas muitos cientistas do clima apontam para esse caminho. Coincidentemente, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o desmatamento nos 9 estados da Amazônia Legal Brasileira, registrado de agosto de 2020 a julho de 2021, foi o maior para o período desde 2006. E também se sabe que quando as coisas na Amazônia, que regula o clima e temperatura do mundo, não andam bem, tudo por aqui desanda.

     

    O que aconteceu em Petrópolis é apenas um recorte de tudo o que acontece no Brasil. Todos os anos normalizamos desastres desse tipo e sempre volta à mesa discussões do tipo “isso poderia ter sido feito, mas não foi”. Quando o poder do Estado lava as mãos, quem mais sofre é o pobre.

     

    Vemos isso acontecer na saúde, na educação, na habitação, no meio ambiente e nós, brasileiros, nos acostumamos e normalizamos a viver todos os dias com as nossas tragédias, quando não deveríamos.

     

    Como já tratamos neste espaço, este é um ano de eleição e devemos nos preocupar em escolher governantes que tenham projetos que priorizem mais os interesses coletivos do que os privados das grandes corporações, bancos e da agropecuária.

     

    Precisamos ajudar a eleger governantes que sempre preocupem com questões que nos são caras, como saúde, educação, meio ambiente, projetos sólidos para geração de empregos, além de habitação ao mais pobre.

     

    Só assim teremos uma sociedade mais justa para todos e poderemos diminuir os riscos de tragédias como a de Petrópolis possam acontecer novamente.