LER/Dort no contexto da Covid-19
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    LER/Dort no contexto da Covid-19
    Autor: Janaína Luna
    03/03/2022

    A última segunda-feira, 28 de fevereiro, foi marcada pelo Dia Mundial de Combate às Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), data estabelecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

     

    Ler/Dort é o nome dado a uma série de lesões que o trabalhador sofre provocadas por um padrão de trabalho, afetando músculos, articulações, nervos, cartilagens, discos espinhais e tendões. São causados ou intensificados por esforço físico excessivo, movimento repetitivo, posição corporal fixa ou restrita, tempo de recuperação insuficiente entre movimentos repetitivos e os esforços excessivos.

     

    Levantamento feito no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), plataforma vinculada ao Ministério da Saúde, mostra que, em 2007, foram registrados 3.212 casos de LER/Dort, enquanto em 2016 foram apontados 9.122, o que significa um aumento de 184%. Ao longo desses nove anos (2007 a 2016), houve 67.599 notificações da doença. “Tanto o volume quanto o aumento nos casos nesse período sinalizam alerta em relação à saúde dos trabalhadores”, avaliou o MS na plataforma.

     

    A ocorrência de LER/Dort foi maior nos profissionais que atuam nos setores da indústria, comércio, alimentação, transporte e serviços domésticos/limpeza. Entre eles, os mais atingidos são os faxineiros, operadores de máquinas fixas, alimentadores de linhas de produção e cozinheiros. Os estados com a maior incidência de casos foram Mato Grosso do Sul, São Paulo e Amazonas.

     

    Profissionais de saúde

    O SindSaúde-SP também desenvolveu um estudo sobre a saúde do trabalhador, tendo como base as informações obtidas no Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo (DPME), que revelou que a realidade dos trabalhadores do serviço público, vinculados à Secretaria de Estado da Saúde, não é diferente dos outros trabalhadores do Brasil.

     

    Os afastamentos provocados por lesões e distúrbios osteomusculares é o segundo maior gerador de afastamentos, seguido dos transtornos mentais e comportamentais.

     

    Entre 2014 e 2021, as LER/Dort foram responsáveis por 30% dos afastamentos das trabalhadoras e trabalhadores da saúde, entre os quais os da enfermagem, auxiliares de serviços, oficiais administrativos e médicos são os mais acometidos. Naquele período, foram registrados 40.730 afastamentos, sendo 73% deles de mulheres na faixa dos 36 aos 60 anos.

     

    O estudo apontou diversos alertas para o agravamento da saúde desses trabalhadores e para a possibilidade de novos casos de LER/Dort, pois há anos esses profissionais desempenham suas funções sob intensa sobrecarga, realidade agravada com a pandemia de Covid-19, colocando as trabalhadoras e os trabalhadores em uma condição de trabalho extremamente desfavorável.

     

    A falta de investimento adequado de acordo com o crescimento e o envelhecimento da população e do perfil dos trabalhadores também são determinantes para a intensificação da sobrecarga de trabalho. Nesse aspecto, deve-se levar em consideração que o envelhecimento do ser humano gera perda gradativa em sua capacidade de cuidar de si mesmo, gerando, portanto, necessidade de maior assistência da rede de saúde para cuidar dele, pois se requer profissionais com mais agilidade cognitiva e um esforço físico maior.

     

    Contudo, a falta de reposição de recursos humanos, aliados à ausência de ambiente de descompressão, são fatores que contribuem com as LER/Dort. Diante de toda a realidade, precisamos reafirmar que “dor” não é frescura e tem causa e prevenção!

     

    Prevenção, já!

    Nós, do SindSaúde-SP, reforçamos que é importante trabalhar a prevenção desses problemas, que vão além de manter uma boa postura durante o horário de trabalho e praticar exercícios regulares. É necessário, sobretudo, o acompanhamento das Cipas e Comsats para verificar se os trabalhadores estão atuando em ambientes adequados, utilizando todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) para sua função.

     

    Além disso, deve-se cobrar da gestão da unidade o cumprimento das normas regulamentadoras visando proteger as trabalhadoras e os trabalhadores da saúde. Para defender e fiscalizar o direito à saúde e bem-estar no ambiente de trabalho, o SindSaúde-SP conta com a atuação dos cipeiros e comsateiros, elementares na tarefa de ajudar a proteger o trabalhador e trabalhadora da saúde do estado de São Paulo.

     

    *Janaína Luna é secretária de Saúde da Trabalhadora e do Trabalhador do SindSaúde-SP