Sônia Livre: PCD escravizada está com a família que a explora há mais de 40 anos
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    Sônia Livre: PCD escravizada está com a família que a explora há mais de 40 anos
    Autor: Editorial do SindSaúde-SP
    30/09/2024

    Registramos no Brasil o primeiro caso contemporâneo de “desresgate”. O termo pode parecer estranho, mas expressa de forma simples, o caso absurdo sofrido por Sônia Maria de Jesus, que foi submetida por 40 anos a trabalho análogo à escravidão na casa de um desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

     

    Sônia Maria é surda e não teve acesso à educação formal. Ela foi resgatada em 2023 pelo Ministério Público do Trabalho. Mas a dificuldade de comunicação abriu uma brecha para ela que fosse “devolvida” à família que a submetia, desde seus 9 anos, a trabalhos domésticos sem remuneração.

     

    Sônia teve sua liberdade cerceada por duas vezes, por ser uma mulher negra, pobre e com deficiência. A invisibilidade e a falta de inclusão social tiraram o direito de Sônia ser livre.

     

    Tanto se fala das lutas contra as injustiças que afligem as populações minorizadas, que não há como conceber que, em pleno século 21, ainda haja casos de preconceito e exploração. Infelizmente, a realidade é cruel e avassaladora e nos leva a um ponto de reflexão: que sociedade é essa? Que mesmo com informação, valoriza a desinformação. Que mesmo com acesso mais facilitado aos seus direitos e deveres, prefere infringir leis, prejudicar, violentar e anular outras pessoas.

     

    Isso demonstra que estamos falando pouco. Que a voz do povo precisa ecoar pelos quatro cantos. Neste mês de setembro, quando destacamos a campanha da luta pela inclusão das pessoas com deficiência, a 2º Parada do Orgulho PCD, realizado em São Paulo, defendeu como tema central o direito de Sônia ser livre.  O movimento a defende e também lembra que podem existir mais “Sônias Marias” por aí em diversas cidades do nosso país.

     

    Por isso, o SindSaúde-SP destaca que além da fiscalização dos órgãos competentes e da contribuição de cada um dos cidadãos para denunciar casos que seguem silenciados em casas de pessoas ditas “de bem”, como era considerado o desembargador, precisamos nos posicionar nas urnas.

     

    Ao escolher em quem você, trabalhadora e trabalhador da saúde, irá votar para prefeito(a) e vereador(a) em sua cidade, lembre-se de olhar o plano de governo e verificar o que aquele(a) candidato(a) defende para ampliar a inclusão social da pessoa com deficiência (PCD), no combate ao racismo, no acesso à saúde e a educação e para reduzir a desigualdade social.

     

    Pessoas com deficiência, negras, mulheres, pobres e periféricas, cada uma dessas camadas que se somam ao indivíduo, o colocam ainda mais à margem da vida em sociedade. É por isso que temos que agir! Pois não há combate ao trabalho escravo, se não houver acesso aos direitos básicos e que estão garantidos pela Constituição Federal de 1988. Vote com consciência. Vote em quem defende uma sociedade mais justa e igualitária.

     

    Faça isso, por você, por suas gerações futuras e pelas “Sônias Marias” que estão por aí mantidas no anonimato.