Artigo
Você já parou para pensar na rotina de uma trabalhadora ou trabalhador da saúde? Talvez você não saiba, mas a maioria de nós tem dois empregos, por conta dos baixos salários que são pagos pelo governo do estado de São Paulo.
Ao contrário da maioria das profissões, nossos intervalos de descanso são menores. Isso porque, ao contrário de outras ocupações, além do tempo de refeição, não há espaço de distração. Em nossas mãos, muitas vezes, está a definição da vida de alguém e não bastasse essa imensa responsabilidade, por diversas vezes precisamos nos desdobrar para encontrar soluções diante da precariedade de estrutura que o governo paulista oferece, com falta de medicamentos e materiais adequados para tratar os pacientes.
Isso explica a área da saúde ser campeã em transtornos mentais. Um estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), divulgado no início de 2023, apontou que 86% dos profissionais da saúde sofriam com Síndrome de Burnout e 81% com estresse. O levantamento apontou ainda que a má qualidade de sono, sintomas depressivos e dores pelo corpo eram parte da rotina. Nenhuma outra atividade profissional chega perto disso.
Todos os cidadãos e todas as cidadãs em algum momento utilizarão o Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo quem tem plano privado, utilizará vacinas e tratamentos como os destinados a pessoas com câncer e HIV, que habitualmente não são cobertos pelo convênio. Em algum momento nos encontraremos e qual profissional você deseja que lhe atenda?
Por isso, invocamos aqui a sua responsabilidade para definir isso. Uma pesquisa da organização ImpulsoGov realizada para o Ministério da Saúde, e divulgada no último domingo (20), apontou que as doenças infecciosas, como tuberculose, hanseníase e hepatites virais, e transtornos mentais devem estar no centro das políticas do SUS, segundo 3.262 trabalhadoras e trabalhadores ouvidos pelo estudo.
Até aqui falamos aos usuários, mas e as trabalhadoras e trabalhadores? Se para 51,5% dos participantes avaliam que as doenças infecciosas precisam de mais investimento e ações, seguida pela necessidade de investimento em situação de vulnerabilidade social (50,2%), os transtornos mentais aparecem em terceiro lugar com 49,4%. Dado que refletem a realidade vivida por quem faz o modelo funcionar.
A melhoria da saúde pública, passa pelo que você decidir neste momento. Às vésperas do segundo turno das eleições, você definirá se o prefeito ou a prefeita serão pessoas comprometidas com a saúde pública ou com as empresas que financiam as campanhas. Se são pessoas que tratam os homens e mulheres de equipamentos como hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBS) com respeito e valorização ou se éramos heróis apenas enquanto morríamos durante a pandemia de Covid-19.
Eles contam com sua memória curta, que você não lembre como o SUS foi importante quando você mais precisou. Mas será que eles e elas têm razão?
Isso é você quem responderá no próximo domingo, quando definir os escolhidos e as escolhidas nas urnas.