Artigo
Etarismo, ditadura da indústria da beleza, exposição de qualquer forma, sucesso a qualquer custo. Temas assim, espinhosos, poderiam muito bem estar presentes em um programa cultural em um sábado à noite qualquer. Isso porque dois filmes de terror em cartaz, um no streaming e outro no cinema, abordam essas questões. O primeiro ‘A Substância’, nos cinemas e já disponível em plataformas, e o segundo, ‘Entrevista com o demônio’, na Netflix.
Duas atrações que poderiam passar despercebidas e fugir do chavão dos debates tantas vezes chatos, modorrentos e pouco atrativos que presenciamos e que não conseguem mudar nada em lugar algum. Situações que, como sempre ouvimos, tratam de pregar apenas para convertidos, algo que as últimas eleições mostraram ser um completo fracasso para pessoas que, como nós, idealizam mudar a sociedade desigual, injusta e violenta na qual estamos inseridos.
Transformar é também usar a ferramenta certa para mudar cenários e nisso a cultura é fundamental. Tamanha sua importância que o financiamento ao teatro, ao cinema, à música, à literatura às artes plásticas e a outros movimentos que convidam à reflexão é o primeiro a ser atacado por governos conservadores, fascistas e ditatoriais.
A arte é ainda uma das principais expressões de inclusão e de manifestação dos olhares de um povo, o retrato que lança luz aos que estão à margem, na periferia e que a partir dela podem se tornar protagonistas da própria história.
Tantas vezes negligenciada, a cultura segue como uma das áreas mais carentes de investimento no movimento sindical ao mesmo tempo em que, ironicamente, se coloca como uma das ferramentas mais eficientes para apresentarmos nossa forma de enxergar o mundo e os valores que norteiam nossos passos. Negligenciada e vista como algo supérfluo, a cultura também alimenta, mas anda é vista como aquilo para o que se olha quando sobram recursos e tempo.
Neste Dia Nacional da Cultura, o SindSaúde-SP reforça a importância de incentivarmos a criatividade em nossas bases, dentro de nosso sindicato e priorizarmos as manifestações artísticas como caminhos que nos levarão à emancipação da classe trabalhadora e empoderamento de quem efetivamente movimento a sociedade. Seja no campo das ideias, seja no campo do cuidado e da prestação de serviços.
* Artigo de Valeria Fernandes, Secretária de Atividades Sociais e Culturais do SindSaúde-SP