Fim da jornada 6 x 1 é questão de saúde pública
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    Fim da jornada 6 x 1 é questão de saúde pública
    Autor: Janaína Luna - Secretária de Saúde do Trabalhador
    14/11/2024

    Entre 2007 e 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou cerca de 3 milhões de casos de doenças relacionadas ao trabalho. Apenas em 2023, foram 390 mil situações em que trabalhadoras e trabalhadores adoeceram por conta das atividades profissionais.

    As jornadas exaustivas têm sido um dos principais problemas enfrentados por mulheres e homens num país que ainda associa o tempo em que se passa à serviço do empregador ao desenvolvimento e ignora os impactos individuais e coletivos que a super exploração traz aos profissionais e às famílias. 

    A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a jornada máxima de trabalho de 44 para 36 horas semanais e acaba com a possibilidade de escalas de 6 dias de trabalho e 1 de descanso (6 x 1) recebeu, nessa quarta-feira (13), o número necessário de assinaturas para ser protocolada na Câmara dos Deputados e tem reaberto o debate fundamental sobre formas de produção e o respeito ao descanso para a saúde de quem produz. 

    O excesso de trabalho gera consequências graves como o aumento de doenças ocupacionais e é fator essencial para o crescimento de casos de lesões musculoesqueléticas resultantes de movimentos repetitivos, posturas inadequadas ou esforços excessivos e distúrbios respiratórios causados pela exposição a substâncias químicas ou partículas no ambiente de trabalho. 

    Há ainda problemas de saúde mental, como a ansiedade, a depressão e o esgotamento profissional desencadeadas por demandas excessivas, ambiente de trabalho tóxico ou falta de apoio emocional e Lesões por Esforços Repetitivos (LER). 

    Situações que resultam em impactos para uma vida toda e acarretam em sofrimento e traumas que não se restringem ao ambiente laboral. Não bastasse esse grave dano, há ainda o custo ao SUS para o tratamento relacionado a essas doenças. 

    Sem uma fiscalização adequada e ainda com um número insuficientes de profissionais para identificar e punir empresários que promovem ambientes insalubres, o fim de jornadas abusivas, como a 6 x1, se torna mais importante e se apresenta como uma medida fundamental para atacar fatores de risco para acidentes, como a falta de descanso. 

    Especialmente em cidades como São Paulo, que tem a mobilidade como mais um fator de adoecimento devido à falta de políticas públicas voltadas ao transporte público decente e onde o custo de vida exige, como é o caso da saúde, a busca por mais de um vínculo profissional. 

    Não é possível que o lucro de poucos siga a se sustentar no sofrimento de muitos. Reduzir a jornada é assumir o compromisso com a saúde e com a qualidade de vida, mas, acima de tudo, com o reconhecimento ao direito à dignidade, um dos pilares de atuação do SindSaúde-SP e uma das razões de existir do movimento sindical. 

    *Janaína Luna, Secretaria da Saúde do Trabalhador do SindSaúde-SP