Artigo
O governo do estado de São Paulo decretou situação de emergência em saúde pública no último dia 19 por conta da explosão de casos de dengue. A doença chegou a 184.177 confirmações e 131 mortes, apenas neste ano, até o dia 21 de janeiro.
O cenário não é surpreendente e o SindSaúde-SP já alertava para essa tendência no ano passado, quando apontava que o crescimento de contaminações e mortes era fruto do descaso com políticas preventivas e de combate à pandemia que se arrasta desde o governo João Doria (PSDB).
Isso porque em 2020 houve a extinção da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), órgão responsável pela pesquisa de várias doenças, uma ação mantida pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não fez qualquer investimento em estrutura para reverter o cenário caótico.
O resultado já conhecemos, em 2024, foram 2.119.837 casos confirmados de dengue, maior número desde 2000, com 2.050 mortes e para piorar, o problema não para por aí.
Outras doenças consideradas já sob controle e que são transmitidas por mosquitos ou carrapatos como febre amarela, febre maculosa, leishmaniose e Chikungunya também têm crescido neste ano e voltaram a preocupar. A febre amarela já registrou neste ano 12 casos e 8 mortes, a febre maculosa, 133 casos e 7 mortes, a leishmaniose, 37 casos e a Chikungunya, 6.001 casos.
Não podemos aceitar que o governo de São Paulo restrinja as ações a métodos paliativos, de tentar apagar incêndios após atingirem níveis incontroláveis ou próximos a isso. Uma visão antagônica aos valores que norteiam o Sistema Único de Saúde (SUS), dentre os quais, ações preventivas que diminuam o número de mortes e ampliem a qualidade de vida.
Num estado em que a política de saúde se resume em abandonar hospitais para justificar a terceirização e a privatização, engordando o bolso de Organizações Sociais (OSs) teoricamente sem fins lucrativos, não combater doenças antes que se tornem epidemias significa sobrecarregar uma estrutura que há anos necessita de novos concursos públicos e contratação de trabalhadoras e trabalhadores.
São vidas que estão em jogo, enquanto a gestão paulista se omite de sua responsabilidade. O SindSaúde-SP cobrará que ações efetivas sejam implementadas para retomar a pesquisa, assim como a contratação de profissionais por meio do concurso público, uma das pautas aprovadas em nossa assembleia de campanha salarial.
Porque o compromisso de qualquer governo tem de ser, acima de tudo, com a população.
Gervásio Foganholi é presidente e Carlos Alberto Gabriel Jr. é Secretário de Saúde do Trabalhador do SindSaúde-SP