Nossa greve é contra os inimigos do povo
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Luta e Conquistas!


    Nossa greve é contra os inimigos do povo
    Autor: Gervásio Foganholi, presidente do SindSaúde-SP
    10/07/2025

    Crédito: SindSaúde-SP

    O Brasil é um país que muitas vezes desafia a lógica. Por aqui, patriotas batem continência para a bandeira dos Estados Unidos, como fez o ex-presidente derrotado nas últimas eleições, Jair Bolsonaro (PL), em 2019, e articulam ações de punição externa que afetam a economia nacional.  

    Acuado diante da ameaça de prisão após a investigação com fartas provas sobre a articulação nos atos golpistas de 2023, que sonhava em nos lançar novamente a uma realidade de ditadura militar, Bolsonaro pai enviou o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), aos EUA sem deixar transparente qual o objetivo. 

    Nos últimos dias, conhecemos o resultado da viagem, articular uma pressão externa para impedir que os crimes fossem punidos e como consequência, aproveitando-se da situação, dar de bandeja ao presidente estadunidense Donald Trump a imposição de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros vendidos ao país. 

    A medida entra em vigor já em 1º de agosto e afeta uma relação comercial que em 2024 rendeu US$ 40,4 bilhões para o Brasil em produtos exportados ao país. 

    Para se ter uma ideia, qualquer tarifa acima de 20% impacta fortemente os setores químico, farmacêutico, de tecnologia, eletrônicos e de autopeças — segmentos de alto valor agregado que fogem da lógica de exportar matéria-prima barata e importar produtos industrializados mais caros. Dessa forma, contribuem para o fortalecimento da indústria nacional.

    Dessa forma, o clã Bolsonaro, apoiado pela base conservadora, arquiteta mais um golpe contra o Brasil. A economia, a indústria e a população brasileira certamente sentirão o peso da tarifa no valor dos produtos nas gôndolas dos supermercados. 

    Na prática, Trump quer frear o avanço do BRICS, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia com o objetivo de ampliar a liberdade econômica e diminuir a dependência em relação aos Estados Unidos. 

    São patriotas que não gostam do Brasil, aliados aos defensores da democracia, que não desejam que façamos negócio com outros países, e diante de tamanho prejuízo, o mínimo esperado de qualquer gestor, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), à frente do berço industrial do país, era um repúdio à ação do clã Bolsonaro. 

    Isso se o governador não fosse da base de apoio do ex-presidente. 

    O fato é que a postura covarde e omissa de Tarcísio não surpreende a nós, que trabalhamos na saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS), único no mundo que atende mais de 190 milhões de pessoas, 80% delas que dependem exclusivamente dos serviços públicos para qualquer atendimento, também tem sido destroçado na gestão do governador. 

    Somente neste ano, a gestão estadual entregará à iniciativa privada, que já recebe R$ 17,5 bilhões de recursos públicos para tomar conta do nosso patrimônio, os hospitais Ipiranga, Heliópolis, Darcy Vargas, Guaianases, Nestor Goulart Reis e Regional de Assis.

    Por isso, vamos parar no próximo dia 16 e estaremos juntos para lutar contra os inimigos do povo. Contra todos aqueles que, como Tarcísio, se alinham à elite e a quem quer nos tirar dos hospitais, das escolas, das universidades e do país que nos pertence. 

    Essa luta é da saúde e, portanto, de todos nós. Vamos às ruas, rumo à greve!