Artigo
A nossa greve definida democraticamente em assembleia no dia 27 de junho foi temporariamente suspensa por conta da abertura de negociação com o governo de São Paulo, mas os atos seguiram e demonstram que o SindSaúde-SP está pronto para lutar por uma saúde pública de qualidade e para todos e todas.
Nossa mobilização é resultado de uma organização que nunca deixou as bases. As manifestações de hoje, espalhadas por todo o estado de São Paulo emparedou o governador Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, um dos articuladores do centrão no Congresso Nacional. Nossa unidade escancarou que a pressão das trabalhadoras e trabalhadores ainda é fundamental para colocar gestores na mesa de negociação.
As propostas que eram discutidas pelo governo num clima de ‘vamos ver o que dá pra fazer’ ganharam prazo, valor, isso tudo por conta da nossa luta, do que nossa gente dialogou, organizou, preparou em cada contato com cada companheiro e companheira de luta, em cada unidade de saúde. Além das inúmeras ligações de profissionais e usuários para a secretária de saúde.
Uma resposta de quem teve de enfrentar a ascensão da extrema-direita em um processo de longo prazo que, como toda transformação prejudicial a trabalhadoras e trabalhadores, começou com a promessa de um futuro promissor e se materializou por meio de um golpe. Seguindo a lógica de todas as mudanças promovidas por forças conservadoras no mundo.
A retirada de Dilma Rousseff do poder encaminhou a trágica reforma trabalhista, em 2017, que atacou os empregos com carteira assinada e os direitos, dificultou o acesso à justiça trabalhista, impôs barreiras à representação dos sindicatos e abriu ainda mais as portas da terceirização.
Na esteira do crescimento dessa direita até então vista como relativamente moderada, vieram forças conservadoras sustentadas por militares e empresários.
Essa transformação social afetou profundamente as esperanças de movimentos democráticos, sociais, trabalhistas, organizações que sempre lutaram por democracia, justiça e igualdade. O diálogo com as bases, contaminadas por valores baseados em competição, concorrência, individualismo, resumidas, no ‘salve-se quem puder’, se tornou cada vez mais difícil e os inimigos do povo acreditaram que o papel de entidades como os sindicatos se restringiria à sobrevivência.
Nada mais equivocado. O sindicalismo que a extrema-direita e empresários pensaram ter matado, segue vivo, graças ao nosso trabalho e resistência. Hoje, eu agradeço a todos vocês, meus companheiros e companheiras, que não desistiram e acreditaram na defesa de melhores condições de vida. Que botaram fé em nossa greve e que estarão na assembleia desta sexta-feira (18), na capital paulista, para cobrar que os heróis e heroínas da pandemia sejam valorizados e valorizadas de acordo com a importância que têm para toda a sociedade.
Viva nossa luta, viva o SindSaúde-SP!