50 anos dos Metalúrgicos do ABC
Autor: CUT
14/05/2009
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Sindicato apresenta a Lula projeto para regulamentar organização no local de trabalho
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entregou ao presidente Lula uma minuta de projeto para regulamentar a organização sindical no local de trabalho. Lula recebeu o texto de Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, durante ato político realizado na noite de ontem, 12 de maio, em comemoração aos 50 anos da entidade.
Nobre, ao encaminhar a reivindicação, comentou: "Tivemos muitas conquistas nestes 50 anos. Mas a maior delas foi a organização por local de trabalho". O presidente do Sindicato utilizou a crise como referência para justificar a importância desse instrumento: "Empresas onde o sindicato tem representação reconhecida no próprio local de trabalho não podem sair demitindo ao primeiro sinal de dificuldade, tem de dialogar antes, buscar alternativas".
A organização no local de trabalho, bandeira que a CUT vem perseguindo desde o início de sua história e já consolidada por algumas categorias importantes - como professores do Estado de São Paulo e os metalúrgicos do ABC -, significa que a entidade sindical estabelece no interior da empresa ou órgão público uma espécie de sucursal, independente e com legitimidade para dialogar com o empregador em patamar de igualdade, e cotidianamente. Esse tipo de representação funciona como elemento de solução de conflitos e de avanço nas relações de trabalho. Os dirigentes dessa "sucursal" são eleitos por outros trabalhadores com quem convivem diariamente, e a própria eleição da direção executiva do sindicato sofre interferência direta desse processo.
Ao discursar na seqüência, Lula pontuou que a organização no local de trabalho - que entre os metalúrgicos da região é chamada de comitê sindical de empresa - pode acontecer mesmo antes de uma lei regulamentá-las. E questionou parte dos dirigentes sindicais: "Quantos dirigentes querem organização no local de trabalho? Tem muito dirigente que não quer isso porque tem medo de que os outros se politizem e ele acabe perdendo seu lugar".
No Brasil, a existência das representações sindicais nos locais de trabalho já é amparada pela Convenção 135 da OIT, ratificada no início da década de 1990. O texto base da Direção Nacional da CUT para o próximo Congresso da entidade prevê, em sua página 39, que a luta política para espalhar e consolidar a organização no local de trabalho para todos os ramos deve ser prioridade no próximo período.
Homenagem às mulheres - Em nome da CUT, a presidente em exercício Carmen Helena Foro afirmou que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é "uma referência da luta de classes no Brasil. Nos inspiramos nessa luta, e a qualidade da ação e de concepção sindical se espraiou por todo esse país. Mas devemos abrir um capítulo à parte para falar das mulheres metalúrgicas que fizeram e fazem essa luta. Muitas delas anônimas, em casa ou no trabalho, foram e são essenciais nessa história". Artur Henrique, presidente da CUT, não pôde comparecer por estar em viagem de trabalho à Noruega e Holanda, nos congressos das centrais LO e FNV.
Carmen também abordou a crise econômica, ressaltando o papel da CUT. "Nossa Central tem uma tarefa política das mais ardorosas nesse momento. A defesa do emprego e dos salários é uma luta cotidiana que a CUT vem empreendendo. Essa luta também se insere na defesa de um projeto democrático e popular para o País", disse.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, presente à festa, afirmou que a história do Sindicato no final dos anos 70 e início dos 80 teve "como principal legado político a fundação da CUT e a certeza da necessidade de organização partidária dos trabalhadores, que desaguou no PT". Dilma foi uma das estrelas da comemoração, sendo ovacionada pelos presentes como candidata à sucessão de Lula.
A festa também homenageou os ex-presidentes do Sindicato, entre eles Jair Meneguelli, Vicentinho e Luiz Marinho, que também presidiram a CUT. Foi exibido também um vídeodocumentário sobre a trajetória de lutas do Sindicato.
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