Notícia
A matéria da Rede Brasil Atual "Representantes de trabalhadores e minorias sofrem com custos de campanha", de 14/08/14, fala de um problema que os trabalhadores sofrem em todas as eleições: as dificuldades de elegermos representantes comprometidos com a classe trabalhadora.
Dos 513 deputados federais, contamos com 83 deputados. Dos 94 deputados estaduais, contamos com pouco mais de 20. Pelo custo cada vez mais alto das campanhas eleitorais as chances da disputa são absurdamente desiguais.
Mas temos uma vantagem imbatível: somos maioria. Somos milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Milhões de votos. E nossa capacidade de mobilização é infinita. Vamos entrar na campanha eleitoral pra ganhar.
Vamos conhecer não apenas as propostas como a história dos candidatos - "diga com quem andas, que direi quem és" -, vamos comparar as informações, vamos debater com nossos companheiros de trabalho, com os usuários da saúde e a população em geral.
O Conselho Nacional de Saúde apresentou a agenda para a Saúde nas eleições 2014, destacando que temos de valorizar nosso voto e cobrar dos candidatos posicionamento público quanto a seu compromisso com a defesa incondicional do SUS igual para todos e todas, com garantia do direito à saúde e acesso a cuidados de qualidade; valorização do trabalho e da educação na saúde e fortalecimento da participação social na saúde.
No nosso estado, chegamos literalmente ao fundo do poço. A seca expôs muito mais do que o leito dos rios paulistas. O volume morto é muito maior.
A maior universidade da América Latina, uma autarquia especial, está em greve há mais de dois meses. Cheia de fundações de apoio, parcerias com a iniciativa privada, cursos pagos caros e agora sem recursos para pagar o salário dos funcionários. As primeiras propostas do governo do estado para resolver a crise: demissão voluntária, redução de jornada dos professores e transferência do Hospital Universitário para o governo do estado que provavelmente vai transferir a gestão para uma organização social de saúde, dita sem fins lucrativos.
A Santa Casa de São Paulo fechou o Pronto Socorro alegando falta de recursos. E nessa crise também foi aventado o corte de trabalhadores. O governo federal disse que repassou verba que ficou retida na Secretaria Estadual da Saúde que por sua vez pediu uma auditoria nas contas, acompanhada por uma comissão formada por representantes dos governos federal, estadual e municipal, além do Conselho Estadual da Saúde e Ministério Público Estadual. A Santa Casa é uma OSS que também gerencia diversas unidades de saúde estaduais e municipais.
Enquanto isso, sabemos através da imprensa que hospitais privados lucram com o SUS. A receita obtida pela tabela SUS com a alta complexidade que chega via governo estadual custeia pronto-socorro, ambulatório e gera lucro!
É hora de mudar essa história. A saúde está no topo das preocupações da população. Essa política mercantilista e fragmentada já adoeceu e matou muita gente. O SUS carece de mais recursos. Mas no estado mais rico do país é vergonhoso convivermos com uma saúde precarizada em que parte do salário dos trabalhadores é pago com recursos federais.
Vamos concentrar nossos esforços. Sabemos e podemos tirar a saúde estadual do fundo do poço. Conhecemos o SUS, as dificuldades e as necessidades em nossos locais de trabalho. Saúde é muito mais do que curar doenças. Vamos fazer o debate. Vamos caçar os candidatos, ouvir suas propostas, questionar suas posições, apresentar ideias, buscar compromissos de candidatos e convencer a população da importância de nossa participação nas eleições!
Célia Ribeiro | 01/09/2014 |