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A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo anunciou que na próxima terça-feira (13) vai demitir 1.500 funcionários de todos os setores, um corte de cerca de 12% de seu efetivo. A administração alega excesso de pessoal e um rombo no orçamento de R$ 3,5 milhões como justificativa e garante que o corte não deve afetar a qualidade do atendimento. Médicos, funcionários e usuários discordam.
Na quinta (7) a administração da Santa Casa teve reuniões separadas com o Sindicato dos Médicos de São Paulo e com o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviço de Saúde (SindSaúde), que representam mais de 1.200 do total que deverão ser demitidos. Nos dois encontros não houve acordo.
Os médicos realizam assembleia nesta sexta (9) para decidir o que fazer frente ao anúncio dos cortes. "O sindicato não pode simplesmente ser signatário de uma proposta como essa", diz Eder Gatti, presidente do Sindicato dos Médicos, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT. Já o SindSaúde exige que as demissões sejam graduais e diz que não aceitará parcelamento das verbas rescisórias.
A atual crise da Santa Casa começou em junho do ano passado, que culminou, inclusive, com o fechamento do pronto-socorro da instituição por um dia. O antigo provedor é alvo de investigação do Ministério Público por supostas irregularidades. Anteriormente, déficit no orçamento era de R$ 11,5 milhões.
Para os representantes dos trabalhadores, a situação dramática da Santa Casa de São Paulo tem dois motivos: má administração e falta de investimentos públicos. "Que é má administração e desvio, isso é fato notório", Maria de Fátima de Sousa, diretora do SindSaúde, "Mas a gente não pode comprovar porque nós não temos acesso a esses documentos".
"Certamente, existe o fator de subfinanciamento do SUS, que não é um problema só da Santa Casa, é um problema generalizado. E também tem problemas de gestão", concorda o presidente do sindicato dos médicos, para quem os cortes devem causar piora no atendimento: "vai ter um impacto sim".
"Nós não temos como pagar um médico particular ou um tratamento em uma clínica. A gente depende de tudo aqui, e do governo. Aí, acontece uma coisa dessas", lamenta Antônia Ferreira da Silva, usuária da Santa Casa.