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O anfiteatro da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo foi palco de um grande Ato em defesa da democracia e do SUS – Sistema Único de Saúde. O evento, que aconteceu na quarta-feira, 06 de abril, reuniu entidades representativas e profissionais da área da saúde, parlamentares, educadores, movimentos sociais e contou com as presenças dos ex-ministros da Saúde, Alexandre Padilha e Arthur Chioro. Na ocasião foi feito o lançamento do manifesto “A Saúde em defesa da democracia – Não ao golpe”. O texto do documento foi lido pelo ator Sérgio Mamberti.
A CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social foi representada por sua secretária de Mulheres e também secretária Geral adjunta da CUT – Central Única dos Trabalhadores, Maria Aparecida Faria, e por representantes do Sinpsi SP e Federação dos Trabalhadores em Seguridade Social (FETSS), Rogério Gianini, e do Sindsaúde SP, Gervásio Foganholi. A médica Juliana Salles, da Executiva Nacional da CUT e Sindicato dos Médicos, representou a Central e a Confederação no momento destinado às exposições das autoridades. Centenas de profissionais de diversos setores da área da saúde participaram do ato. Jovens representando o “Levante Popular da Juventude” também estiveram presentes.
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O ex-ministro de Saúde e atual secretário de Saúde do Município de São Paulo, Alexandre Padilha, relembrou que quem não viveu a ditadura não sabe o que aconteceu com muitas famílias e o sofrimento que o pais atravessou. Para ele, o 18 de março deste ano, quando o povo foi às ruas para protestar contra o golpe e contra o ódio e a intolerância, surpreendeu muitas pessoas. A direta percebeu que a cada gesto de intolerância, milhares começaram a responder. Este sentimento de luta é o que mantém viva a resistência a estas várias situações de violência. O próprio ato, que não é a favor de um partido e de seus filiados ou de um governo, é de defesa da democracia.
“O nosso esforço não é por um partido ou pelo governo da presidenta Dilma. Nosso esforço e lutas são para que a gente não permitida uma atrocidade contra a Constituição. Estamos dizendo chega. Eles não vão nos calar. Não vão fazer com que a gente interrompa a nossa energia de resistência. A disputa começou a virar na rua a cada momento que a gente se indigna e levanta a voz contra qualquer provocação ou ato de intolerância. É uma vitória e uma passo nesta disputa que a gente vai conquistando. A outra parte da disputa é no Congresso Nacional. Vamos ter vários eventos até o dia 17/04. Temos que falar sobre isto. E preparar a mochila para acampar em frente ao Congresso Nacional para dar força e segurança para que cada deputado possa dizer que está votando pela Constituição e contra o impeachment, ” conclama Padilha.
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Juliana Salles, representate da CUT e CNTSS/CUT, destacou que a sociedade brasileira vive um momento histórico. Há uma onda conservadora que ataca em diferentes pontos e que agora a bola da vez é a tentativa de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. É um ataque sistemático que atinge diretamente a democracia e os direitos sociais e trabalhistas. Dentre as muitas conquistas ameaçadas está o direito ao SUS como uma política pública integral de atenção universal e gratuita. Segundo a médica, hoje o sistema sofre ataques constantes destes setores retrógrados, como o cerceamento do financiamento e políticas de privatização e terceirização.
“São políticas que a Central e a Confederação lutam contra permanentemente. Nós estamos aqui para reafirmar nossas posições a favor da democracia e contra o golpe que está em curso. É um golpe que não é só contra o governo, é contra a classe trabalhadora. Não vai ter golpe, vai ter concurso público. Não vai ter golpe, vai ter o fim das parcerias público privadas com as OSs e OCIPS. Não vai ter golpe, vai ter o fortalecimento do SUS. Não vai ter golpe, vai ter verba pública só para o sistema público de saúde. Não vai ter golpe, vai ter luta, ” afirma a médica.
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Gervásio Foganholi, presidente do Sindsaúde SP, lembra que o sindicato nasceu na sua essência para defender os trabalhadores e também o SUS. Sempre foi pauta da luta dos trabalhadores da saúde a defesa de uma saúde pública com qualidade. Aqui em São Paulo o sindicato tem enfrentado o desmonte das políticas públicas conquistadas pelos movimentos sociais e de trabalhadores. Para ele, o governo de direita que está no poder no Estado não prioriza de forma alguma o SUS e vem destruindo uma política de recursos humanos.
“Nós, do Sindsaúde SP, temos uma tarefa de fazer a resistência. Nós temos redobrado nossas forças para enfrentar o golpe. Nós somos totalmente contrários ao golpe. Nós sabemos que será mais prejudicado o segmento da sociedade que mais precisa dos serviços públicos no país. Defender o SUS é defender a democracia. O SUS é uma expressão da democracia porque em seus pilares ele não faz distinção e dialoga com toda a diversidade da sociedade. Nós não temos dúvidas que o golpe pretende também criminalizar todas as entidades sociais, os movimentos dos trabalhadores e os sindicatos. Viva a democracia. Somos contra o golpe. Não vai ter golpe, vai ter luta, ” afirma Foganholi.
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Rogério Gianini, presidente do Sinpsi SP e FETSS: “Neste ato penso que estamos demarcando algo fundamental para a história da democracia do Brasil. Que é o fato que o SUS é, em certo modo, uma invenção da democracia. O processo de luta democrática no pais nas décadas de 1970 e 1980 engendra o SUS. Mas podemos dizer também que o SUS, em alguma medida, inventou e reinventou a democracia em nosso país. Se o Sus e a Democracia estão assim tão fortemente articulados é porque o sistema incorpora a democracia em forma de participação em seu cerne. Não há SUS sem democracia. É por isto que afirmamos que se solapar a democracia, fere brutalmente o SUS. Seremos, no caso de prosperarem os golpistas, uma legião de resistência. Cada equipamento, cada conselho será uma trincheira pela democracia. Não vai ter golpe. ”
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O ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, destacou que a não realização da reforma política terminou ocasionando todos estes problemas que a sociedade brasileira presencia. Para ele, este é um momento em que todos devem lutar pela democracia. Reitera que o SUS foi uma conquista importante e que foi construído envolvendo o movimento social, movimento popular, do movimento sindical, os trabalhadores e os profissionais do meio acadêmico. Agora, segundo ele, é preciso muita mobilização e capacidade de conversação com a sociedade para reverter este clima de golpe político.
“Este é um momento em que cada companheiro e companheira que tem compromisso com o futuro desse país deve estar atento. Sabemos o valor da democracia. Se nós temos um SUS com todas as dificuldades, ele foi construído na luta do movimento social, do movimento popular, do movimento sindical, dos trabalhadores, dos gestores, da universidade, enfrentando um conjunto de interesses que agora estão repaginados e reconfigurados sob outras articulações, do capital internacional, pois o sucesso do Brasil ameaça interesses internacionais,” conclui Chioro.
José Carlos Araújo
Assessoria de Imprensa da CNTSS/CUT
Ato Saúde em Defesa da Democracia e do SUS Faculdade Saúde Pública USP 06042016 (1)