Notícia
Paralisação iniciada há 10 dias parou parte de cirurgias eletivas em campus.
Emergência também tem adesão, diz sindicato; Estado analisa proposta.
Do G1 Ribeirão e Franca
Um impasse salarial paralisa parte dos atendimentos no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) há dez dias. Servidores do campus da USP e da unidade de emergência (HC-UE) têm organizado protestos diários com panelaços e apitaços (veja vídeo) contra a ameaça de redução de benefícios e por um reajuste de 43% na remuneração.
Em nota, o Hospital das Clínicas informou que as negociações salariais devem ser discutidas com o Estado e que apenas 80 dos cinco mil funcionários do HC estão em greve e que a paralisação não chegou à unidade de emergência.
A Secretaria da Saúde, por outro lado, confirmou que analisa as reivindicações do sindicato, mas que espera que o atendimento nos hospitais estaduais não seja prejudicado.
Servidores do HC em greve
A categoria pede reposição salarial de 41%, referente a perdas inflacionárias entre 2011 e 2015, mais 2% de ganho real e aumento de R$ 8 para R$ 34 no vale-refeição. Além disso, reclama contra a possibilidade de corte no prêmio de incentivo para novos funcionários.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), a medida fará com que servidores deixem de receber o valor proporcional no pagamento de benefícios como o 13º salário - medida que não vale para trabalhadores já atuam nas unidades.
Servidores fazem panelaço no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP.
"Não vamos esperar eles cortarem [o prêmio incentivo] dos novos depois cortar da gente", afirmou Ricardo de Oliveira, diretor de relações do trabalho do SUS no sindicato.
Nas contas da entidade, a paralisação tem adesão de 40% dos trabalhadores da unidade campus - entre enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, equipes de apoio e do setor administrativo - e tem afetado principalmente as cirurgias eletivas e os atendimentos e exames em endoscopia e radiologia. Os procedimentos de urgência, no entanto, estão mantidos.
Parados há dez dias, os funcionários têm organizado manifestações, como panelaços, como os realizados na última semana. Nesta segunda-feira (20), um grupo participou de uma passeata com cartazes.
A greve também ganhou a adesão, a partir desta segunda, de 10% dos servidores da unidade de emergência do HC, informou o SindSaúde.
Segundo Oliveira, os servidores não receberam proposta da direção do hospital.
"Mandaram através de ofício que é possível conversar, mas não marcaram nenhuma reunião. Acho que querem ver até onde a gente vai segurar a greve", diz.
Por outro lado, confirmou que, em reunião na Secretaria de Estado da Saúde, o sindicato recebeu uma proposta, ainda não avaliada, de aumento de 12,31% no salário base mais R$ 16 no vale-alimentação.
Hospital das Clínicas
Em nota, o HC informou que 80 dos 4,9 mil funcionários do hospital estão em greve e que oito das 17 salas de cirurgias eletivas funcionam normalmente, assim como os demais serviços.
Também comunicou que as reivindicações salariais são de competência do governo estadual e dependem de aprovação na Assembleia Legislativa. "Não obstante, o hospital já abriu negociações, porém, os representantes do sindicato não deram retorno", comunicou.
Com relação aos cortes no prêmio de incentivo, o HC comunicou que a medida foi tomada em cumprimento a uma determinação amparada pela Procuradoria Geral do Estado.
A decisão tem base no entendimento do Tribunal Superior do Trabalho de que o benefício não deve ser incorporado ao salário. "Assim, o hospital não teve alternativa, a não ser editar a Portaria HCRP no. 82/16, excluindo o pagamento dos reflexos do Prêmio Incentivo, (13º salário, férias e FGTS) aos novos servidores."
Estado
A Secretaria de Estado da Saúde confirmou que, nesta segunda-feira, o secretário David Uip se reuniu com representantes do SindSaúde e que as queixas da categoria estão em análise.
"Enquanto isso, espera-se que o atendimento nos hospitais e ambulatórios estaduais não seja interrompido", informou.
Comunicou ainda que reajustes aplicados em 2014 equipararam os salários dos trabalhadores aos do setor privado e que está aberta ao diálogo com o setor, com o qual tem se reunido mensalmente.
"Somente para os funcionários ligados à assistência, os reajustes chegaram a até 43%", alegou.