A grande pataquada. Por Roberto Requião
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    A grande pataquada. Por Roberto Requião
    Autor: Tijolaço
    06/04/2017

    Crédito Imagem: Tijolaço

    Por Fernando Brito

    Hoje eu vou falar de patos, essas simpáticas aves da família Anatidae. Fui ao Google para me ilustrar sobre o assunto e aprendi que a família dos patos é enorme. Há o pato-mudo, o pato corredor, o pato-ferrão, o pato papão, o pato-caipira e o pato da fiesp. E assim por diante. Ah, sim! Os marrecos também fazem parte da família. E temos aí a marreca-cricri, o marreco-gritalhão, o marrecão, o marreco-pompom, o marreco de bico-amarelo….

    Confesso que fiquei interessado pelo pato-mudo. O pato mudo é assim chamado porque ele não emite sons altos; o macho faz um som semelhante a um assopro; e a fêmea algo como um assobio bem discreto.

    É fácil criar patos e eles se reproduzem com grande facilidade. No Brasil, os patos são milhões e milhões, embora ultimamente, informam-me, talvez por causa do clima, da crise econômica, da reforma da Previdência ou do desemprego, registra-se uma drástica diminuição na população dos patos.

    O coletivo de patos é bando ou pataquada, como sugerem alguns.

    Os patos são facilmente domesticados e é possível conduzir o bando pata aqui, pata acolá, porque o pato sempre vem para ver o que é que há, como diz a letra da música de Vinícius de Morais.

    Assim, para amestrar e docilizar o pato, especialmente o pato-mudo, muitos criadores colocam nos aposentos do bando televisores e rádios, permanentemente sintonizados no Globo e na CBN. E, para melhor acomodá-los, forram o ambiente onde vivem com jornais e revistas criteriosamente selecionados.

    Os criadores chegaram à conclusão que, sob o efeito de certas vozes, masculinas e femininas, de apresentadores e comentaristas do rádio e da televisão, os patos reproduzem-se com maior velocidade.

    Quanto à dieta dos patos, algumas informações de tratadores referem-se à adoção exitosa da alfafa na alimentação dessas aves.

    Mas vamos ao que interessa. Embora minha curiosidade sobre o pato-mudo, eu quero mesmo falar do pato da fiesp, um pato que se notabilizou por sua ativa performance no primeiro semestre do ano passado em algumas capitais brasileiras, especialmente na capital federal e em São Paulo, hoje o maior centro criador de patos e referência mundial na criação da ave. Tanto assim que alguns criadores russos já estão importando o pato da fiesp, crentes possam reproduzir em Moscou e Petersburgo o mesmo resultado que no Brasil.

    Segundo o Google me informa, o pato da fiesp tem lá suas idiossincrasias.

    Por exemplo, não gosta de nada que seja imposto. Tem horror ao imposto. Chegou até mesmo a criar um medidor para espalhar a rejeição a tudo o que é imposto. É um pato liberal, vê-se.

    Outra coisa que as pesquisas no Google ensinaram-me é que, frequentemente, os patos líderes trapaceiam a pataquada. Prometem leva-los a descansar em verdes prados, a conduzi-los às águas refrescantes, a reconfortar suas almas, a protege-los de todo o mal, mas acabam por pastoreá-los por ínvios e tenebrosos caminhos.

    Verbi gratia.

    O rei dos patos-fiesp, prometeu ao bando que se a marreca-cricri fosse apeada do poleiro, haveria abundância, jorrariam leite e mel.

    E que nada seria imposto à patolândia. Houve mesmo um grão-pato pernambucano que prometeu o milagre instantâneo da multiplicação dos pães, dos peixes, do vinho e dos tecidos de tafetá ou de morim se a referida madame fosse afastada.

    Quem sabe seja por isso, porque tudo o que é imposto aumenta; porque diminui a ocupação dos patos; porque se reduz a ração do bando, e muitos se recusam a consumir alfafa como cardápio alternativo; porque os patos mais velhos estão sendo ameaçados de nunca mais poder descansar; ou seja porque as tarefas dos patos estejam sendo terceirizados para os urubus, corvos, quero-queros, a verdade é que mingua, dissolve-se o número dos anatídeos a seguir seus líderes.

    Parece que as generosas contribuições financeiras dos irmãos Koch -ou do brasileiro mais rico do país e 19º mais rico do planeta – não estão dando mais conta de mobilizar os patinhos e os patões que haviam proclamado a República do Vão Livre do Masp ou o Consulado do Pato Fiesp.

    Concluo esse mergulho no mundo dos patos, marrecos e gansos com duplo e contraditório sentimento: otimista e pessimista.

    Pessimista por ver quanto é poderosa a aliança mídia/grande capital, tão poderosa a ponto de fazer milhões de brasileiros bem-intencionados a vestirem a camisa da CBF e marcharem pelas ruas defendendo, em última instância, as teses de seus opressores.

    Otimista por ver os brasileiros, que foram feitos de patos, despertarem e, em movimento contrário, retomarem as ruas contra a entrega do país ao grande capital global, especialmente ao capital financeiro; contra a destruição da Previdência Social e da Legislação Trabalhista; contra a terceirização que instaura no país a escravidão remunerada; contra a destruição da nossa indústria e o extermínio dos empregos.

    O Brasil desperta. Está na hora deste Senado também acordar e a começar a pôr um freio nessas loucuras inspiradas nas putrefatas ideias neoliberais.

    Não somos o país dos patos. Não somos patos. Não há de ser o presidente de uma entidade empresarial-industrial que se distingue pelo servilismo aos que destroem as indústrias, o emprego, o consumo e a soberania que fará do Brasil o país dos patos-fiesp.









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