Desemprego na Região Metropolitana de São Paulo já pode ser comparado ao da era FHC
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    Desemprego na Região Metropolitana de São Paulo já pode ser comparado ao da era FHC
    Autor: CUT-SP
    31/07/2017

    Crédito Imagem: CUT-SP

    Em pouco mais de um ano a taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo alcançou os mesmos números recordes do início dos anos 2000. Em abril de 2002, a taxa de desemprego era de 20,6% contra os 18,6% apurados em abril de 2017.

    Os números, revelados pela Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, também apontam que aumentou o tempo de procura por emprego. Na prática, hoje o trabalhador leva, em média, mais de quatro meses para conseguir um novo emprego com carteira assinada. Já quando se trata de emprego oculto pelo trabalho precário ou desalento – quando o trabalhador não procura mais emprego porque muitas vezes não tem mais dinheiro para sair em busca, o tempo ultrapassa 12 meses.

    Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a tendência é o quadro piorar quando a Lei 13.467, de 2017 – que trata do maior desastre para a classe trabalhadora e que o Congresso Nacional chama de “Reforma Trabalhista”, entrar em vigor, a partir de novembro deste ano.

    Vagner alerta que o fim da CLT prejudicará também quem já está com carteira assinada. Ele lembra que itens da nova lei como a negociação individual entre trabalhador e patrão, sem a intervenção do sindicato, em casos de demissão, férias e jornada, entre outros, valem para quem está no mercado formal de trabalho. “Se assinar o acordo de demissão, por exemplo, além da redução dos valores que tem a receber de FGTS, inclusive o da multa e aviso prévio, o trabalhador perderá o direito de receber Seguro-Desemprego”.

    Quanto às novas modalidades de contratação, como o contrato intermitente que prevê que o trabalhador pode ficar à disposição da empresa e receber por hora trabalhada quando a empresa precisar, Freitas afirma que a reforma de Temer legaliza o bico, prejudica o mercado interno e as aposentadorias futuras. “Os trabalhadores ficarão sem comprovação de renda, sem saber sequer se terão algum rendimento naquele mês e não poderão fazer financiamentos para comprar casa, carro nem sequer uma geladeira. A institucionalização do bico tem potencial também para inviabilizar a Previdência como política pública, a partir do momento em que desregulamenta o mercado de trabalho e deixa o trabalhador sem sequer a certeza de receber um salário mínimo no fim do mês”.

    Moradora da Zona Norte de São Paulo, Yasmin Sangermano se encaixa perfeitamente na estatística dos mais de 14 milhões de desempregados em busca de um emprego formal. O maior desejo dela hoje, é trabalhar em um escritório, nove horas por dia com direito a uma hora de almoço, férias remuneradas e 13º salário. Porém, a atual realidade da jovem de 23 anos é totalmente diferente. Sem tempo para quase nada, conforme relatou, Yasmin vive de bico: faz faxina duas vezes por semana e presta serviços de manicure e pedicure para um salão de beleza.
    “Como faz para pagar uma faculdade disputando com pessoas que não precisam trabalhar o dia todo? A gente corre de um lado pra outro pra pegar ônibus e metrô e ainda tem que concorrer com quem tem um pai ou uma mãe que banca os estudos”, desabafa.

    De acordo com o técnico do Dieese Alexandre Ferraz, o desemprego acelerou depois do processo de impeachment. Para ele, que é economista e doutor em ciência política, o país caminha para uma situação trágica como no final dos anos 1990 e início de dois mil. “De abril de 1999 a março de 2004 o Brasil amargou os piores índices de desemprego desde a redemocratização. Quem vai querer investir num país em que a presidenta foi destituída com duvidoso amparo legal e que é administrado por um governo provisório que ninguém sabe se chegará ao final do mandato?”, questionou.

    Segundo Ferraz, grande parte do problema que enfrentamos vem da insegurança, “mesmo com a queda dos juros o investimento não tem se restaurado devido ao cenário de incertezas. Isso indica que ainda estamos longe de uma recuperação econômica consistente”, avaliou.

    Neste sentido, com o objetivo de retomar o emprego decente e a economia brasileira, a Executiva da CUT Nacional decidiu, em reunião do último dia 25 de julho, intensificar a luta contra as Reformas Trabalhista, já aprovada e sancionada, e a da Previdência, que está em tramitação na Câmara dos Deputados. A Central irá construir uma greve geral para os próximos meses, além de iniciar uma campanha de revogação da nova lei trabalhista.

    Para os dirigentes, a principal tarefa sindical do momento é combater a Reforma Trabalhista para evitar a precarização e o desmonte de direitos da classe trabalhadora que vem sendo negociados com o empresariado em troca de sustentação de um governo agonizante.

    “A nova lei trabalhista acaba com a segurança jurídica para a classe trabalhadora. A CUT não aceitará essa nova regra, que só beneficia os patrões", concluiu o presidente da Central.









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