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    O avanço da Febre Amarela em São Paulo
    Autor: Assessoria de Imprensa - SindSaúde-SP
    01/11/2017

    Crédito Imagem: SindSaúde-SP

    Por: Alexandre Braz Senna e Will Scaliante

    O avanço nos focos e o aumento no número de casos de febre amarela no estado de São Paulo tem preocupado autoridades, trabalhadores (as) da SUCEN e a população. O Boletim Epidemiológico de Febre Amarela, emitido pela Secretaria de Estado da Saúde aponta que no período de janeiro até a primeira quinzena de outubro, foram 129 casos suspeitos de Febre Amarela, 51 (39,5%) foram confirmados; 22 são autóctones (43,1%) e 29 importados (56,9%).

    Em relação aos 22 casos autóctones, dez evoluíram para o óbito, ou seja, a taxa de letalidade chegou a 45,5%. Em relação aos casos importados, dos 29 confirmados, todos o local provável de infecção foi o estado Minas Gerais, que sofreu com a febre amarela após o rompimento da barragem de Mariana.

    Em relação à ocorrência de Febre Amarela em Primatas Não Humanos (PNH), a Secretaria de Saúde recebeu notificações em 167 municípios e, desses, 24 confirmaram a circulação do vírus. Foram confirmados 258 PNH, sendo que a maior parte ocorreu no GVE de Campinas, com 248 animais. O relatório apontou que não houve interrupção da circulação do vírus no GVE de Campinas, ocorrendo expansão do vírus para novas áreas da região.

    Aspectos Epidemiológicos

    Desde 1942, não há registro no Brasil da forma de transmissão urbana da doença. Os casos confirmados posteriormente são resultado de transmissão silvestre. A transmissão silvestre ocorre em áreas rurais e de mata, onde o mosquito pica um macaco infectado e depois fica o homem transmitindo a doença. A transmissão considerada urbana é quando um mosquito pica um homem infectado e em seguida transmite a doença para outro homem.

    Os focos endêmicos no Brasil, até 1999 estavam situados nos estados das regiões Norte, Centro-Oeste e área pré-amazônica do Maranhão, além de registros esporádicos na parte oeste de Minas Gerais.

    Entre 2000 e 2008, observou-se uma expansão da circulação viral no sentido leste e sul do país, detectada em áreas classificadas há várias décadas como silenciosas. No Estado de São Paulo os primeiros relatos de febre amarela silvestre são de 1935. Após quase 50 anos de silêncio epidemiológico, em 2000, houve a confirmação de dois casos.

    No ano passado (2016) foram confirmados dois casos de febre amarela silvestre no estado de São Paulo e ambos foram a óbito. Até a primeira quinzena de outubro deste ano (2017) foram confirmados 51 casos de febre amarela no estado.

    O aumento da febre amarela após a tragédia de Mariana

    O aumento de casos suspeitos de febre amarela em Minas pode estar relacionado à tragédia de Mariana, em 2015, segundo a bióloga da Fiocruz Márcia Chame. De acordo com reportagem do Estadão, a hipótese tem como ponto de partida a localização das cidades mineiras que identificaram até o momento casos de pacientes com sintomas da doença. Grande parte está na região próxima do Rio Doce, afetado pelo rompimento da Barragem de Fundão, em novembro de 2015. Além dos casos em Minas, foram notificadas também mortes de macacos em outros estados da região sudeste.

    Márcia afirma que os episódios deste ano se assemelham aos que foram registrados em 2009, quando um surto de febre amarela foi identificado no Rio Grande do Sul, área que por mais de 50 anos foi considerada livre da doença. “Ambientes naturais estão sendo destruídos. No passado, o ciclo de febre amarela era mantido na floresta. Com a degradação do meio ambiente, animais acabam também ficando mais próximos do homem, aumentando os riscos de contaminação”.

    Especialistas apontam, que após a tragédia de Mariana, a doença viajou por um corredor verde, via mata Atlântica saindo de Minas Gerais até chegar a São Paulo.

    O caminho da febre amarela em São Paulo

    Só na capital paulista já são 15 parques fechados desde que foi encontrado vírus da febre amarela em um macaco morto no Horto Florestal, todos na zona norte da cidade, uma campanha de vacinação foi iniciada na região.

    Parques fechados para visitação (na zona norte de São Paulo)

    1. Horto Florestal
    2. Parque Estadual da Cantareira
    3. Parque Anhanguera
    4. Parque Cidade de Toronto
    5. Parque Pinheirinho d’Água
    6. Parque Jacintho Alberto
    7. Parque Lions Clube Tucuruvi
    8. Parque Jardim Felicidade
    9. Parque Rodrigo de Gásperi
    10. Parque São Domingos
    11. Parque Tenente-Brigadeiro Faria Lima
    12. Parque Senhor do Vale
    13. Parque Sena

    O Parque Linear Canivete e o Parque Linear Córrego do Bispo receberam a recomendação de não visitação.

    Antes de chegar à São Paulo o foco percorreu o interior do estado. Como dito anteriormente, especialistas analisam que a doença viajou por um corredor verde, via mata Atlântica. Macacos foram encontrados mortos com febre amarela silvestre em 24 cidades de São Paulo, dentre elas Ribeirão Preto e Campinas que também suspendeu visitas à Mata de Santa Genebra e ao Observatório Jean Nicoli.

    O papel da SUCEN e os problemas estruturais

    O quadro de funcionários da SUCEN conta com 2.000 trabalhadores, porém 1.189 são servidores em cargos permanentes, 305 são cargo de comissão, 289 ocupam cargos permanentes de comissão. Ou seja, apenas 595 trabalhadores de campo para 645 municípios em São Paulo.

    O orçamento da SUCEN é de R$ 80 milhões em 2017, ou seja, 0,36% do Orçamento da Secretaria de Saúde. No total são oito Laboratórios e um Centro de Planejamento. A SUCEN compõe o sistema de Vigilância em Saúde, que é um dos elementos de uma política de Prevenção e Promoção da Saúde Pública. As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. Seu objetivo é o controle da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos específicos. Os projetos de prevenção e de educação em saúde estruturam-se mediante a divulgação de informação científica e de recomendações normativas de mudanças de hábitos.

    As ações de vigilância e controle vetorial são desencadeadas a partir da notificação de casos humanos e/ou de primatas não humanos (suspeitos ou confirmados). Os locais prováveis de infecção (LPI) devem ser caracterizados quanto aos deslocamentos, períodos de viremia, presença de mata (fragmentos, corredores verdes, bosques), proximidade de córregos e aglomerados humanos. O controle químico (nebulização) deverá ser priorizado, tanto nos casos suspeitos, quanto nos confirmados, importados ou autóctones, visando a eliminação de alados, seguido do controle larvário nos recipientes que podem servir de criadouros do vetor, em LPI situado na área urbana e periurbana. Com o baixo número de trabalhadores na SUCEN a nebulização só consegue ser feita em casos confirmados.

    A questão da contração de novos trabalhadores (as) para SUCEN, já foi ponto de pauta na mesa de negociação entre o sindicato e superintendência. Outro ponto também pautado são as reduções da gratificação de campo, com fim de economizar, o governo deixa os trabalhadores realizando menos tempo de trabalho em campo, normalmente utilização para combater focos e realizar nebulizações.

    Na mesa de negociação o sindicato também apresentou problemas estruturais como viaturas sucateadas e falta de materiais básicos.

    Vacinação

    Na capital foi realizada a ampliação do número de postos de saúde que aplicarão a vacina contra a febre amarela na zona norte de São Paulo. Cerca de 37 UBS (Unidades Básicas de Saúde) foram incluídas no cronograma de vacinação.

    A dose não é indicada para gestantes, mulheres amamentando crianças com até 6 meses e pessoas imunodeprimidas (como pacientes em tratamento quimioterápico, radioterápico ou com corticoides em doses elevadas). Em caso de dúvida, é importante consultar o médico.

    Referências:

    Boletim Epidemiológico Febre Amarela. Secretaria de Estado da Saúde, 2017.
    Nota Técnica Sobre Febre Amarela No Estado De São Paulo. Secretaria De Estado Da Saúde, 2017.

    Febre amarela viajou por 'corredor verde' de MG a SP, diz especialista. Folha de São Paulo, 30/10/2017. http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1931369-febre-amarela-viajou-por-corredor-verde-de-mg-a-sp-diz-especialista.shtml.

    Para bióloga, surto de febre amarela pode ter relação com tragédia de Mariana. Estadão, 14/01/2017. http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,para-biologa-surto-de-febre-amarela-pode-ter-relacao-com-tragedia-de-mariana,10000100032













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