CNTSS/CUT repudia feminicídio ocorrido em Iguatu no carnaval
Autor: CNTSS/CUT
20/02/2018
Crédito Imagem: CNTSS
Morte da Agente Comunitária de Saúde, Maria Helena Costa, está sendo investigada pela Delegacia da Mulher; marido, principal suspeito, está foragido
A pequena cidade de Iguatu, localizada na Região Centro-Sul do Estado do Ceará, deixou as folias do Carnaval de lado e entrou para o noticiário da imprensa local em virtude de pauta vil e hedionda: o feminicídio. A vítima desta vez, pois, infelizmente, atrocidades desta natureza não são fenômenos raros no país, foi a Agente Comunitária de Saúde, Maria Helena Costa. Com seus 53 anos de idade, Maria Helena não pôde celebrar a alegre face descontraída do carnaval com amigos, parentes e familiares. Ao invés disto, na noite da segunda-feira, 12 de fevereiro, encontrou a mão pesada de seu algoz que desferiu sobre seu corpo de mulher toda a raiva traiçoeira espancando-a de forma covarde que a levou a ser socorrida em unidade Hospitalar em decorrência dos graves ferimentos que, com certeza, também lhe feriram a alma de mulher.
A solidariedade e a aflição dos que a socorreram não foram suficientes para evitar o que poderia ser pior: a morte. Na noite do dia seguinte, terça-feira, 13 de fevereiro, ainda sob os cuidados médicos, o corpo violentamente machucado de Maria Helena Costa não resistiu aos ferimentos e a tanta brutalidade que foi submetido. O principal suspeito é o até então seu “companheiro”. No chão da casa simples foram encontrados rasgados os documentos pessoais do marido. No zum, zum, zum que tomou conta do pequeno lugarejo, a informação que passou de boca em boca: “Nonato”, como é conhecido seu companheiro, foi visto bebendo nas proximidades da casa de Maria Helena. A vítima, segundo familiares revelaram, já havia sofrido agressões físicas por parte de “Nonato” em outras oportunidades. É também do conhecimento de todos que a bebida realçava o seu comportamento violento. Pesa sobre ele, além de seu passado, o fato de estar foragido.
O caso foi registrado na Delegacia Regional de Iguatu e depois foi transferido para a Delegacia de Defesa da Mulher do Município. A CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, por meio de sua secretária de Mulheres, Maria de Fátima Veloso, torna público a sua indignação e repúdio sobre mais este crime cruel que ceifou a vida de Maria Helena Costa. Mais uma vez a sociedade assiste à morte de uma mulher de forma violenta e estúpida sendo protagonizada, como tudo leva a crer, por alguém de seu convívio doméstico. Políticas públicas voltadas à defesa das mulheres, como a própria criação da Delegacia de Defesa da Mulher, que agora investiga este crime, é resultado da luta incessante de mulheres e também homens que sonham em ver casos como estes apenas em estatísticas ultrapassadas. Mas não basta apenas ter espaços desta natureza, que têm sua eficácia na punição dos culpados, é preciso mudar a cultura existente nas relações de gênero que vitimam cotidianamente mulheres por todo o país.
O caso de Maria Helena Costa foi alvo de inúmeras discussões em espaços de diálogo realizados nas redes sociais por trabalhadores e trabalhadoras ligados à CNTSS/CUT. Sua categoria está entre as que compõem a base da Confederação. A solidariedade aos familiares e amigos e a cobrança por responsabilização e punição do culpado foram os principais motes destas conversas. Algumas certezas ficam claras. MariaHelena Costa foi vítima da cruel violência de gênero. Sua morte não pode cair no esquecimento sem que se confirme o culpado. E que é preciso que a solidariedade da classe trabalhadora seja capaz de contribuir para a igualdade de gênero em todos os espaços da sociedade. Não podemos nos calar e vamos acompanhar as investigações deste caso. Maria Helena Costa, você está presente.