Falta de cuidados faz Brasil ser o epicentro do coronavírus na América Latina
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    Falta de cuidados faz Brasil ser o epicentro do coronavírus na América Latina
    Autor: RBA - Gabriel Valery
    06/05/2020

    Crédito Imagem: RBA

    Brasil tem o pior cenário da América Latina. O único país da região que tem um presidente que ridiculariza a pandemia vê seus vizinhos reagirem com sucesso à crise
     
    Cidades brasileiras como Manaus e Belém enfrentam colapso em sistemas funerários e de saúde. Enquanto isso, governo federal destila descaso.
     
    São Paulo –  O Brasil é um dos países do mundo com o pior cenário frente à pandemia do novo coronavírus. O número de casos e de mortes é alto, especialmente em comparação com outras nações do continente. Enquanto a maioria dos vizinhos – uns mais, outros menos – seguiram medidas rígidas de controle do vírus, o Brasil se viu imerso no descaso por parte do governo federal, na imobilidade e na confusão, provocada por ampla crise política.

    Diante desse histórico, o Brasil registra, até o dia de conclusão desta reportagem (5), 7.321 brasileiros mortos e 107.780 infectados, de acordo com números oficiais. A subnotificação ainda é consenso, já que o país não realiza a quantidade adequada de testes. Os números colocam o país entre os 10 com maiores problemas no mundo pelo novo coronavírus.

    Em comparação com os vizinhos, o Brasil apresenta cenário ainda mais desastroso. O segundo país mais infectado da América do Sul, o Peru, tem metade do número de casos, pouco mais de 50 mil. Mesmo o Equador, que viu o sistema de saúde e funerário de sua maior cidade, Guayaquil, entrar em colapso, registra pouco mais de 30 mil casos.

    A diferença é mais extrema frente a países que encararam o problema com mais seriedade e tomaram ações preventivas de forma rápida. Talvez, o melhor exemplo seja a Argentina. Com primeiros casos registrados nas mesmas semanas que o Brasil, os argentinos somam 4.887 casos e 262 mortes, números bastante inferiores aos do Brasil. No país vizinho, o presidente kirchnerista, Alberto Fernández, impôs um forte isolamento e promoveu medidas econômicas para ajudar a população a atravessar esse período. Como resultado, mais de 90% de aprovação do povo local.

    Outro país que surpreendeu de forma positiva o continente foi o Paraguai. Três dias após o primeiro caso notificado, o governo local adotou fortes medidas de distanciamento social. Na última semana, o país anunciou que não tem nenhum paciente de covid-19 em UTI. Como resultado, o Paraguai já começa a retomada gradual da normalidade.

    O coronavírus na América Latina. Gráfico da Americas Society Council of the Americas que mostra a concentração de infectados por país. Quanto mais forte o azul, mais doentes

    Mau vizinho

    Enquanto a pandemia crescia no país e no mundo, ações de Bolsonaro tumultuaram tanto a política nacional, que o coronavírus chegou a ser deixado de lado pelo noticiário. Inicialmente, o político demitiu o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que apesar de ser um representante de empresas privadas de assistência à saúde defendia o isolamento e as melhores práticas científicas contra a pandemia. Depois disso, pressionou para intervir politicamente na Polícia Federal, o que fez com que o ex-juiz Sergio Moro, então ministro da Justiça e da Segurança Pública, um dos pilares do governo, se demitisse.

    Se, por um lado, parte dos governadores e dos prefeitos apelaram para que a população seguisse o isolamento social para frear a disseminação do vírus, o governo Bolsonaro atuou com força no sentido contrário, sempre atacando governantes regionais que seguiram recomendações de entidades médicas e da Organização Mundial da Saúde.

    Além dos ataques, Bolsonaro promoveu aglomerações por diversas vezes, chamou manifestações contra a democracia e ridicularizou a doença, chamando-a de “gripezinha” e “resfriadinho”; questionado sobre milhares de mortos, rebateu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”. Em outra ocasião, tentou culpar governadores pelas mortes e emendou: “Não sou coveiro”.

    Gráfico de universidade norte-americana que mostra curvas epidemiológicas de países latino-americanos. (Source: Johns Hopkins Graphic: Phil Holm & Nicky Forster)

    O Brasil já passou a China, tanto em mortos como em doentes. O país asiático, de mais de 1,3 bilhão de habitantes, foi o primeiro epicentro da doença no mundo. Mesmo com diagnóstico tardio, o país adotou fortes medidas de isolamento e conteve o surto.









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