Notícia
Os números atuais da Covid-19 ainda não refletem as consequências das festas de fim de ano no país, conforme disseram especialistas em saúde a veículos de imprensa nesta terça-feira (05). Além disso, eles criticaram o atraso do Brasil em iniciar a vacinação e que isso pode ocasionar descrédito do SUS (Sistema Único de Saúde), que tem um dos melhores programas de vacinação do mundo.
Segundo os especialistas, o resultado das aglomerações das festas de fim de ano no Brasil, a despeito de decretos proibindo o funcionamento de serviços não essenciais, como ocorreu no estado de São Paulo, será refletido nos dados daqui a 15 a 20 dias.
Descrédito
O médico Luis Fernando Correia, comentarista do quadro “Saúde em Foco, Especial Coronavírus”, da rádio “CBN”, criticou hoje a falta de ação do governo federal para a garantia de um plano nacional de vacinação da população, que gerou “um vácuo” pelo fato de o governo ter demorado a tomar as medidas para garantir a compra das vacinas disponíveis, a exemplo do que ocorre em outros países.
“Essa inação, esse vácuo que ficou, ele vai tender a ser ocupado. O problema é, qual é o risco que isso traz para a estrutura do SUS como um todo, ou seja, o descrédito de um dos maiores programas de saúde pública do mundo, reconhecido no mundo todo, o descrédito e a ameaça que isso traz ao PNI (Programa Nacional de Imunização), porque não é só a vacina do coronavírus que está em jogo (...) com cada estado indo atrás de seu programa de vacinação. Daqui a pouco a gente está destruindo uma coisa que é exemplo no mundo inteiro por conta da falta de uma ação coordenada e, principalmente, pela negação da ciência”, criticou.
Consequências
Correia ainda alertou que o aumento no número de casos ainda não é o das festas de fim de ano, que provocaram muitas aglomerações no país. “Nós (ainda) estamos pagando a conta (do começo) de dezembro”, disse.
Na mesma linha, o médico infectologista Marcos Boulos alertou que, infelizmente, o Brasil pagará a conta da inconsequência dos brasileiros que não cumpriram as regras de isolamento durante as festas de fim de ano, e que o sistema de saúde não é mais o mesmo.
“Os médicos e profissionais de saúde estão entrando em descanso porque estão exaustos. Infelizmente, não teremos a mesma estrutura no sistema de saúde que tínhamos no início da pandemia”, alertou.