O que a falta de ar no ‘pulmão do mundo’ diz sobre o Brasil
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    O que a falta de ar no ‘pulmão do mundo’ diz sobre o Brasil
    Autor: SINDSAÚDE-SP
    15/01/2021

    Crédito Imagem: SINDSAÚDE-SP

    Temos acompanhado, ao longo desta semana, a tragédia que se instalou no sistema público de saúde do estado do Amazonas. Pelas redes sociais e pela imprensa, relatos de profissionais de saúde e familiares desesperados são fragmentos de uma triste fotografia do colapso enfrentado por hospitais, devido à falta de cilindros de oxigênio nas unidades de saúde responsáveis por cuidar das vítimas de Covid-19.

     

    No entanto, não são apenas pacientes de Covid-19 que estão morrendo por falta de ar. O governador João Doria Jr. ofereceu ajuda para trazer a São Paulo 60 bebês prematuros porque não há oxigênio nas incubadoras de lá. Pacientes estão sendo transferidos para outros estados. Até a Venezuela ofereceu ajuda.

     

    Somente em uma unidade de saúde de Manaus, 11 pessoas morreram em 24 horas por asfixia. Essa é apenas uma pequena fração de toda essa imensa tristeza.

     

    ‘Pulmão do mundo’

    A triste ironia desse trágico capítulo na história amazonense é que as pessoas estão morrendo por falta de ar na região conhecida como “pulmão do mundo”. E, diante das dimensões dessa calamidade pública, não tem como não ficarmos também asfixiados diante de tamanho descaso.

     

    Afinal, o drama amazonense é resultado da falta de planejamento ou até mesmo da omissão das autoridades na gestão da pandemia, não só no Amazonas, mas no Brasil como um todo.

     

    Alerta já feito

    Nos hospitais do Amazonas, faltam cilindros de oxigênio porque houve uma desorganização do estado para garantir os estoques, principalmente porque muitos especialistas já vinham alertando que os casos de Covid-19 subiriam depois das aglomerações do fim de ano. A conta do Natal e do réveillon está chegando agora em todos os estados brasileiros, incluindo São Paulo.

     

    Além disso, não podemos nos esquecer que, no ano passado, o Amazonas já enfrentou calamidade pública na pandemia, quando o sistema funerário de Manaus entrou em colapso.

     

    Ou alguém aí se esqueceu das imagens terríveis de enterros coletivos, das inúmeras covas comuns abertas?

     

    Descaso

    Ainda que a culpa do surgimento do coronavírus não possa ser atribuída diretamente a alguém, a má gestão da pandemia no país tem nome e RG.

     

    Dias antes de estourar a falta de cilindros de oxigênio no Amazonas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, esteve lá e, além de ser acusado de propagandear os benefícios da cloroquina e da ivermectina, nada fez para levar oxigênio ao Amazonas até o momento (lembrando que ele é um especialista em logística).

     

    Além disso, o governador Wilson Lima (PSC) havia barrado um pedido de lockdown (fechamento das atividades não essenciais para reduzir a curva de mortes e contágio) no ano passado, o que contribuiu para o aumento de casos de Covid-19, e só agora, depois da crise posta, instituiu outro, proibindo a circulação de pessoas das 19h às 6h.

     

    Defender a verdade

    O caso do Amazonas é bem ilustrativo do que vem acontecendo no Brasil desde o início da pandemia. Não é falta de dinheiro, nem de recursos, nem de gente. É falta de comando, de planejamento.

     

    Desde o início da crise sanitária, temos testemunhado uma guerra ideológica de narrativas e politização das vacinas, discursos que só confundem a população.

     

    Por isso, prezada trabalhadora e prezado trabalhador da saúde, nós temos um compromisso com a verdade. E a verdade é uma só: precisamos defender a ciência e o Sistema Único de Saúde (SUS).

     

    Você, que tem estado na linha de frente ou nos bastidores da saúde, que está exausto por ver tantas vidas perdidas, incluindo colegas seus; você, que também ficou doente, que quase morreu ou enfrenta sequelas da Covid, você sabe que somente a ciência, as pesquisas, a medicina podem imunizar e curar.

     

    O SindSaúde-SP está com você e está aqui por você. Nós sabemos que, todos os dias, você morre um pouco com cada vida perdida para a Covid-19.

     

    Assim como você, também nos falta ar diante de tanto descaso, de tanto sucateamento do sistema público de saúde.

     

    Estamos com você na luta pelo SUS e pela ciência, que são as únicas armas a favor da verdade que temos agora.










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