Notícia
O trabalhador de campo da antiga Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) Sivaldo Pereira dos Santos, 63, da regional de São José do Rio Preto, interior do estado, morreu de Covid-19, na semana passada, após dias internado. Santos era desinsetizador da autarquia havia mais de 20 anos. Ele deixa esposa e dois filhos.
Conforme informações de trabalhadoras e trabalhadores da regional, ao menos outros 15 funcionários também estão infectados com o coronavírus.
Desde que a Sucen foi extinta em outubro do ano passado, pela Lei 17.293, o SindSaúde-SP vem denunciando a situação insalubre à qual os(as) trabalhadores(as) do campo são expostos.
Muitos(as) vão ao campo em vans lotadas, ou seja, sem distanciamento mínimo entre eles(as). Além disso, a máscara fornecida a eles(as) é de má qualidade e em pouca quantidade também, deixando-os(as) muito vulneráveis à contaminação.
Reunião
Em 16 de dezembro passado, a direção do Sindicato reuniu-se com a Coordenadoria de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde e a Coordenação de Controle de Doenças (CCD), órgão para o qual será transferida a Sucen.
Na ocasião, o delegado regional de base Fernando, da Regional de Rio Preto, reforçou que vários(as) trabalhadores(as) da extinta Sucen estavam indo para o campo em vans lotadas, sem distanciamento adequado mínimo, e as máscaras fornecidas eram de pano, muito gastas de tanto as trabalhadoras e trabalhadores as lavarem.
Em uma segunda reunião ocorrida em 5 de fevereiro, entre o SindSaúde-SP e a CCD, Fernando, mais uma vez, alertou para o perigo de contaminação pela Covid-19. Ele fez o mesmo alerta a respeito das condições nas quais os(as) trabalhadores(as) estavam indo para o campo, sem serem imunizados(as).
“A Vigilância Epidemiológica de São José vacinou os(as) trabalhadores(as) do órgão e deixou os(as) da Sucen fora da imunização”, disse Fernando.
O DSB estava muito preocupado com a saúde e segurança dos(as funcionários(as) da autarquia, tendo lutado muito para que a vacinação deles(as) fosse garantida. Ironicamente, ele mesmo foi infectado e está hospitalizado.
Somente depois da morte do desinsetizador Sivaldo e do registro de mais de 15 casos de Covid-19 no setor, que a CCD tomou providências, afastando os(as) trabalhadores(as) por 14 dias.
“O SindSaúde-SP está indignado com tamanho descaso, pois se a CCD tivesse ouvido a demanda dos(as) trabalhadores(as), quem sabe o nosso companheiro Sivaldo estivesse vivo e Fernando não estaria entubado no hospital por causa da Covid”, disse o secretário de Imprensa do Sindicato, Alexandre Senna.
Descaso
O governo do estado de São Paulo, desde a extinção da Sucen, tem tratado os(as) funcionários(as) da autarquia com descaso e desdém, o que é inaceitável.
São mães e pais de família que, até agora, esperam que seja publicado o decreto tratando da transição da antiga Sucen para a CCD. A maioria deles(as) está aflita por não saberem se terão seus empregos e direitos garantidos.
São mais de 800 trabalhadores(as) especializados(as) no controle e combate a endemias, como dengue, febre amarela e Chikungunya, ou seja, profissionais que desenvolvem um trabalho extremamente importante aos municípios.
O SindSaúde-SP quer aqui demonstrar a sua indignação com tamanho descaso. Reforçamos ainda que há outras regionais em que os(as) trabalhadores(as) também precisam ser protegidos(as) com a vacina contra a Covid-19. Só assim garantiremos que nenhum(a) deles(as) morrerá da doença.
Aos familiares e amigos de nosso companheiro Sivaldo Pereira dos Santos, prestamos nosso mais profundo pesar.
Sivaldo Pereira dos Santos, presente!