Notícia
Diante das recorrentes negativas da direção do Complexo Hospitalar de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, em negociar com o SindSaúde-SP sobre os problemas crônicos do hospital, o Sindicato protocolou, no início da tarde de ontem (08), um pedido de mediação de conflitos coletivos, em caráter de urgência, no Ministério Público do Trabalho (MPT).
Há anos, o SindSaúde-SP vem denunciando os constantes problemas no Heliópolis e tem tentado, sem sucesso, uma mesa de negociação com a direção do hospital para tratar de todos eles. No entanto, todas as tentativas do Sindicato de negociar pelas vias diplomáticas são insistentemente ignoradas pelos diretores do hospital.
No pedido, o Sindicato ressalta que “por diversas vezes, procurou os diretores do suscitado para debater temas relevantes e de interesse geral dos trabalhadores, entretanto, não houve boa vontade dos mesmos em agendar reuniões, o que leva a crer que não há interesse em tentar solucionar os problemas vividos pelos trabalhadores”.
Além disso, o SindSaúde-SP reforça que “não há um canal de negociação entre os trabalhadores e a gestão. São queixas que se estendem da falta de trabalhadores a condições precárias de trabalho”.
Problemas
No pedido, o Sindicato enumera os principais problemas enfrentados e já denunciados, inclusive na grande imprensa, como o abandono de 112 leitos em uma ala do hospital, na maior crise sanitária deste século.
Após denúncia, o Ministério Público de São Paulo instaurou, em fevereiro, inquérito civil para investigar o porquê esses leitos estão sucateados, justamente quando a cidade vive um verdadeiro caos nas saúde pública e privada, com falta de leitos para atender pacientes com Covid-19.
Os problemas listados no pedido de mediação são: elevadores apresentando falhas constantes; infraestrutura precária, com móveis enferrujados e falta de lâmpadas, além de infiltrações e vazamentos; estoque da farmácia sem ventilação e iluminação adequadas; banheiros insuficientes e com péssimas condições de uso; chuveiros quebrados, impedindo a higienização adequada de pacientes; falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); defeito na rampa de acesso ao hospital; falta de funcionários, que não são repostos, embora tenha havido concurso público em 2015; a Comissão de Saúde do Trabalhador (Comsat) não foi instalada na unidade; o hospital não tem conselho gestor; e os 112 leitos desativados.
Governo do estado
Assim como ocorre com diversos equipamentos de saúde pública do estado, o Heliópolis, que é um importante complexo criado em 1969 no atendimento da população da região Sul da cidade, tem sido constantemente sucateado pelos governos do PSDB, situação agravada na gestão de João Doria Jr.
“A tática é sempre a mesma: sucatear para justificar a terceirização. O que está acontecendo no Heliópolis é uma verdadeira afronta, não só às trabalhadoras e trabalhadores do hospital, mas também à população que precisa do atendimento”, diz Gilvânia dos Santos, diretora da Região ABC do SindSaúde-SP.
A diretora explica que os(as) funcionários(as) do hospital estão completamente esgotados(as), diante das jornadas exaustivas devido à falta de quadros. “Houve um concurso público em 2015 para cobrir várias áreas do hospital. Os aprovados chegaram a ser nomeados, mas nunca foram chamados, o que só piorou a situação”, diz a diretora.
Gilvânia diz ainda que as trabalhadoras e trabalhadores do hospital não podem reclamar, “pois são perseguidos(as) e humilhados(as)”. “Eles(as) precisam ser ouvidos(as) em suas demandas”, reforça a diretora.
Fora isso, eles(as) ainda têm que lidar com toda a pressão ocasionada pela pandemia de Covid-19 e a falta de infraestrutura adequada para prestar o melhor atendimento possível.
Mediação
Com o pedido de mediação, a diretora espera que, finalmente, o Sindicato possa pressionar a direção do Heliópolis para fazer as melhorias necessárias na unidade.
Segundo ela, o SindSaúde sempre se pautou pelo diálogo e “é dessa forma que queremos continuar”.
Confira no link abaixo a íntegra do pedido de mediação.