Notícia
Profissionais de saúde entrevistados pelo site de notícias “The Intercept” apontam falhas no atendimento a pacientes com Covid-19, devido à inexperiência e ao cansaço extremo. No entanto, eles não atribuem as falhas a esses trabalhadores, mas à gestão ineficiente que os colocaram na linha de frente da doença sem que tivessem experiência necessária para lidar com tamanho desafio.
A reportagem pontua que, de fevereiro de 2020 até janeiro de 2021, 21.401 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dedicados exclusivamente ao atendimento de pacientes com Covid-19 foram abertos em hospitais públicos e privados em todo o Brasil.
Para trabalhar nesses leitos, foram abertos programas emergenciais para contratação desses profissionais, como “O Brasil Conta Comigo”.
Relatos
Um médico intensivista em dois hospitais públicos e dois privados em Recife e no Agreste Pernambucano disse que “a maioria das pessoas não está morrendo de Covid, mas por erro nos cuidados”.
Segundo ele, a maioria dos profissionais contratados, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos, são inexperientes. “(Eles) não têm a mínima noção do que é um paciente grave, não sabem ver quando a ventilação mecânica está desconectada, por exemplo”, disse, enfatizando que a culpa não é delas, mas da gestão que os coloca lá.
Uma enfermeira de Pernambuco entrevistada pela reportagem disse que muitos não sabem sequer preencher um cadastro nem ler a prescrição ou a dosagem dos medicamentos. Também não sabem, segundo ela, noções básicas de sinais vitais ou procedimento de intubação.
Outro médico de Recife atribuiu os erros ao cansaço extremo dos profissionais. “Todo mundo da saúde está em um momento de exaustão física e mental. E aí surgem os vários problemas, aumenta a chance de erro assistencial. Não é necessariamente por incompetência, imperícia. É exaustão mesmo”, disse.
Estudo
Uma pesquisa feita pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar da Universidade Federal de Minas Gerais, o Iess da UFMG, apontou que cerca de 55 mil pessoas morrem por ano, o que corresponde a seis por hora, devido a procedimentos malsucedidos.
O levantamento da universidade foi feito com base em registros de prontuários de 182 hospitais do país, de abril de 2017 a março de 2018.
Com informações do site The Intercept.