Cronograma do Ministério da Saúde mostra que o total de doses de vacinas contra a Covid-19 previstas para entrega até 31 de maio era de 98,3 milhões e não 140 milhões como anteriormente anunciado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, em 1º de março passado.

Naquela data, Lira publicou em sua conta na rede social Twitter, colocando-se na condição de porta-voz do governo federal, que seriam entregues 140 milhões de doses até o fim de maio ao país. À época, ele disse que o assunto havia sido tratado em reunião com o presidente Jair Bolsonaro, de quem o presidente da Câmara é aliado.

Mas, ao fim do mês, foram entregues 47,6 milhões da vacina AstraZeneca/Oxford; 47,2 milhões da Coronavac/Butantan e 3,5 milhões da Pfizer, o que totaliza uma quantidade 30% menor do que o previamente anunciado por Lira.

CPI da Covid

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, instalada no Senado para apurar a ingerência do governo federal frente à condução da pandemia, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que “o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a iniciar a vacinação se não fossem esses percalços (do governo federal), tanto contratuais como de regulamentação”.

Covas disse que o mundo havia começado a imunização em 8 de dezembro e, no fim daquele mês, o instituto tinha 5,5 milhões de doses de vacina prontas e outras 4 milhões em processamento. Mas a primeira dose da Coronavac só foi aplicada em 17 de janeiro deste ano.

Na mesma CPI, o presidente da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, disse que a farmacêutica fez três ofertas de vacina para o governo brasileiro em agosto, propondo a venda de 100 milhões de doses ainda em 2020, mas o governo não respondeu a nenhum dos e-mails.

Com informações da Rede Brasil Atual.