Notícia
A presidenta do SindSaúde-SP, Cleonice Ribeiro, e a secretária-geral do Sindicato, Célia Regina Costa, participaram nesta manhã (7) de um seminário virtual para debater a saúde mental do(a) trabalhador(a) na pandemia. O evento foi promovido pela UNI Global e seu braço latino-americano UNI Américas, pela plataforma Zoom, com as participações de diversas lideranças sindicais da América Latina e Europa.
No evento, foi apresentado o resultado do estudo “Impacto da Covid-19 na saúde dos profissionais de saúde não médicos”, realizado em parceria com diversos delegados sindicais da ATSA Buenos Aires e trabalhadores(as) da linha de frente de combate à doença na Argentina, com a intensão de se obter uma fotografia sobre a saúde mental desses profissionais.
Entre os principais problemas relatados pelos profissionais não médicos entrevistados, incluindo enfermeiros e técnicos, estão o estresse (76,9%), fadiga mental (67,6%) e fadiga física (59,3), além de outros específicos, como dores de cabeça e lombares.
SindSaúde-SP
A secretária-geral do SindSaúde-SP foi uma das participantes do tópico “Reflexões dos líderes sindicais sobre a situação”, no qual ela pode falar sobre a situação dos profissionais de saúde no Brasil e, especialmente, no estado de São Paulo.
“Aqui no Brasil nós temos um governo (federal) negacionista e um governo de estado que faz muita propaganda e pouca política pública em defesa das trabalhadoras e trabalhadores da saúde. No começo da pandemia, nós, assim como vários sindicatos, tivemos que entrar na Justiça para garantir EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) a estados e municípios, pois o governo não preparou hospitais e outras unidades de trabalho para o enfrentamento da pandemia”, disse.
Em relação à saúde mental do(a) trabalhador(a), Célia relatou que o SindSaúde-SP dará início a uma séria de seminários sobre o tema para discutir juntamente com esses profissionais suas demandas e as estratégias que poderão ser adotadas para minimizar o problema.
“Nós queremos construir uma estratégia para cobrar do governo do estado que garanta o atendimento a essas trabalhadoras e trabalhadores, pois o futuro é inseguro e bastante incerto em relação à pandemia, uma vez que o governo federal recusou ofertas de vacinas e continuamos perdendo muitos profissionais de saúde”, pontuou.
Jornada exaustiva
Célia também reforçou ainda que a situação no estado já era bastante caótica antes mesmo da pandemia, com trabalhadores e trabalhadoras cumprindo jornadas exaustivas de trabalho.
Esse aspecto também foi auferido no estudo, que mostra que a situação entre os países é bastante similar. Na região metropolitana de Buenos Aires, o levantamento aponta que mais de 30% dos participantes cumprem jornadas superiores a 48 horas semanais, o que contribui para aumentar o contágio da doença.
A conclusão mostrou que “foram detectados fortes sintomas de Burnout (Síndrome de Burnout) e estresse, juntamente com altos indicadores de intensidade de trabalho e contágios, acompanhado dos tradicionais empregos simultâneos no setor”.
Problemas estruturais
Outro problema apontado durante o evento virtual é que há uma carência geral de mão de obra de profissionais de saúde, bem como a privatização do setor, como vem ocorrendo não só no Brasil, mais também no Reino Unido, cujo sistema de saúde serviu de inspiração para o Sistema Público de Saúde (SUS).
O secretário-geral da ATSA e presidente regional da UNI Américas, Héctor Daer, apontou o pouco interesse de países em investir na formação da mão de obra, e isso ficou bastante explícito durante a pandemia.
“Não se pode seguir fazendo prédios com camas e respiradores se não há trabalhadores. Uma das tarefas fundamentais que temos que plantar em todos os países é cobrar dos governos que se invista na formação da enfermagem e na formação técnica de serviços periféricos”, disse.
Na opinião dele, juntamente com a educação, o serviço de saúde tem que ser erigido como um dos “pilares fundamentais” de qualquer sociedade.