Notícia
No último domingo, o governo do estado de São Paulo anunciou a antecipação do cronograma de vacinação para os 645 municípios em 33 dias. A proposta é vacinar com a primeira dose toda a população adulta, a partir dos 18 anos, até 15 de setembro. Somente em junho, quando devem ser vacinadas as faixas etárias de 40 a 59 anos, a imunização abrange um universo de 7,45 milhões de pessoas. O governo estadual conta com o envio de doses do Ministério da Saúde. Mas a dúvida é se a pasta vai cumprir o calendário de distribuição, em um momento em que o mundo briga por vacina.
São Paulo vacinou, até esta terça-feira (15), apenas 12,91% (cerca de 20 milhões de pessoas), sendo 13,84 milhões com a primeira dose e 5,97 milhões com a segunda.
Em entrevista à “Rede Brasil Atual”, a coordenadora-geral do Programa Estadual de Imunização (PEI) em São Paulo, Regiane de Paula, disse que a mudança do cronograma de vacinação do estado foi realizada com base nas remessas de vacinas previstas pelo Programa Nacional de Imunização (PEI), do Ministério da Saúde. Ainda segundo ela, 400 mil pessoas não compareceram para tomar a segunda dose no estado.
Estratégia arriscada
Entrevistado para a reportagem, o médico sanitarista e ex-ministro da Saúde Arthur Chioro disse acreditar que a estratégia de utilização da segunda dose das vacinas da AstraZeneca e da Pfizer seria a principal explicação para a antecipação do calendário.
Apesar de ter considerado a estratégia arriscada, por contar que o governo federal vai honrar o calendário de distribuição, ele disse que “a logística de distribuição de São Paulo é bem menos complexa que no resto do país”, e que os prefeitos têm conseguido cumprir os cronogramas.
No entanto, salientou que o estado deveria garantir uma reserva para dar a segunda dose a quem tomou a primeira. “Eles resolveram não manter estoque, usando as D2 para ampliar a vacinação dos paulistas com pelo menos uma dose. Isso é bastante arriscado, considerando o contexto de irregularidade e insegurança por parte do Ministério da Saúde.”
Brasil
Atualmente, todas as vacinas disponíveis no país exigem duas doses para que seja completado o ciclo de imunização. E São Paulo não é o único que está antecipando a vacinação mesmo não tendo vacinado todas as pessoas dos grupos prioritários.
Atualmente, um em cada cinco dos brasileiros com mais de 70 anos não recebeu a segunda dose da vacina. “Na prática, 3,6 milhões de brasileiros com mais de 70 anos não estão completamente imunizados contra Covid-19 no país, já que cerca de 1 milhão não tomaram nem a primeira dose”, disse os pesquisadores Sabine Righetti e Estêvão Gamba, em artigo publicado no portal “UOL”, com base em análise do DataSUS, o sistema de informações do Ministério da Saúde.
Ou seja, nos próximos dias vamos ver se a antecipação do cronograma foi um blefe do governo do estado ou se podemos confiar na programação.
Com informações da Rede Brasil Atual.