Notícia
Um relatório feito a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado demonstra que recursos extras que seriam destinados pelo governo federal para gastos emergenciais de rotina no Sistema Único de Saúde (SUS), durante a pandemia de Covid-19, acabaram desviados para outras finalidades, como despesas de militares. A informações foram publicadas na coluna da jornalista Malu Gaspar, na edição desta terça-feira (6) do jornal “O Globo”.
O relatório foi elaborado pela procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Élida Graviane Pinto.
Os senadores que compõem a CPI pediram o estudo para a procuradora após ela publicar um artigo sugerindo que eles investigassem o que ela chamou de “caos nos gastos públicos em saúde durante a pandemia”.
Valores
O governo federal destinou, desde o ano passado, R$ 730 bilhões para gastos extraordinários no combate à pandemia, valor que foi utilizado para despesas com o auxílio emergencial e para compra de equipamentos e vacinas. Do total dessa verba, R$ 72 bi deveriam ir somente para despesas do SUS.
O levantamento da procuradora mostra que R$ 130 milhões foram usados em 184 unidades militares que nada têm a ver com hospitais. Além disso, recursos também foram repassados prioritariamente para as comissões aeronáuticas brasileiras em Washington (R$ 55 milhões) e na Europa (R$ 7,8 milhões), para a Comissão do Exército Brasileiro em Washington (R$ 3,113 milhões) e para o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (R$ 1,067 milhão).
Além disso, o Ministério da Defesa levou uma parte do dinheiro que não era destinado ao SUS, mas também deveria servir para o combate à pandemia, o chamado Orçamento de Guerra.
Os recursos usados para despesas de rotina, sem relação direta com a Covid-19, foram utilizados na compra de veículos de tração mecânica (R$ 22 milhões) ou uniformes (R$ 1,2 milhão).
Até material esportivo, veterinário e roupas de camas foram comprados com o dinheiro da doença.
Para a procuradora de contas, os repasses são uma evidência de que a execução orçamentária do Ministério da Saúde foi capturada por interesses políticos.