Notícia
A combinação da redução do auxílio emergencial mais a alta de preços de energia elétrica, gás de cozinha, entre outros, fará com que o poder de compra de quem ganha o benefício caia para menos de um quarto em relação ao valor que era pago anteriormente, segundo o economista e diretor da FGV Social, Marcelo Neri.
No ano passado, o valor médio do auxílio emergencial pago era de R$ 900. Com a prorrogação por mais três meses anunciada recentemente pelo governo federal, esse valor ficará em R$ 250 (vai de R$ 150 a R$ 375 nos meses de agosto, setembro e outubro).
“(Ainda que em um valor mais baixo) o auxílio em si é muito bem-vindo, mas o aumento de preços, como gás, energia e alimentos faz com que haja perda do valor de compra do auxílio”, disse Neri, em entrevista ao “Jornal da CBN”, da “Rádio CBN”, na manhã desta terça-feira (6).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, do início da pandemia, em março do ano passado, até maio deste ano, a inflação oficial medida pelo IPCA foi de 7,39%. Mas, para as famílias de baixa renda, o valor ficou maior, em 8,57%.
Com a crise econômica agravada pela pandemia, que penalizou principalmente quem já sofria com o desemprego ou com a informalidade, o pesquisador calcula que o novo auxílio vai evitar entre 6 a 7 milhões de novos pobres, embora o nível de pobreza ainda esteja em um patamar alto, de cerca de 13%. “A continuidade (do auxílio) parece razoável”, comentou.
Desigualdade de renda
Ainda assim, Neri acredita que o governo deveria estar olhando mais “para a frente”, uma vez que a situação dos jovens no mercado de trabalho já era ruim antes da pandemia.
Somado a isso, o Brasil bateu recorde na desigualdade de renda. “A renda média do trabalho diminuiu 11% no período da pandemia, enquanto a dos mais pobres caiu 21%”, falou.