Notícia
Quase 80% das trabalhadoras e trabalhadores do setor de saúde relataram ter sofrido algum tipo de violência e assédio, seja sexual ou psicológico, no ambiente de trabalho durante a pandemia de Covid-19. É o que mostra o estudo “Violência e assédio no mundo do trabalho, com perspectiva de gêneros, no quadro da pandemia”, feito pela Internacional dos Serviços Públicos (ISP) em parceria com o sindicato Kommunal (para acessar o estudo, clique aqui).
Conforme a publicação, “a violência no trabalho reproduz as desigualdades e hierarquias existentes no sistema patriarcal”, e isso pôde ser constatado pelo testemunho de 1.828 trabalhadoras e trabalhadores do setor público de saúde do Brasil, Chile, Peru, Colômbia e El Salvador. Os relatos foram obtidos no fim de 2020.
De acordo com a publicação, os 78,8% (1440 dos ouvidos) que afirmaram ter sofrido algum tipo de assédio ou violência no ambiente de trabalho público são mulheres, mais jovens (abaixo dos 39 anos), aqueles(as) com menor nível de escolaridade ou que tem vários empregos e menor função hierárquica nas organizações.
Entre os tipos de violência relatados no estudo estão violência física, violência psicológica – aquela que se pratica de maneira contínua e sistematizada gerando dano psicológico - e violência e assédio sexual.
Objetivos
Além de mapear a violência e assédio no ambiente de trabalho, o estudo tem por objetivo avaliar a percepção dos trabalhadores acerca da gestão da violência e assédio no ambiente de trabalho, e determinar, dessa forma, as medidas de prevenção e proteção que sindicatos podem tomar para enfrentar esse problema.
Durante a apresentação dos resultados em seminário on-line realizado em 7 de julho, a secretária sub-regional da ISP para o Cone Sul, Nayareth Quevedo, reconheceu a importância das informações contidas no estudo, pois elas corroboram com situações já advertidas anteriormente e que foram potencializadas durante a pandemia “em um dos continentes mais afetados do mundo”, com três países com mais óbitos por Covid-19.
Na opinião da secretária, a situação apresenta desafios para as organizações do setor, “não somente como atores sociais centrais na prevenção e erradicação da violência e assédio no mundo do trabalho, mas também como promotores de políticas que permitam garantir a igualdade de oportunidades e gêneros”.