Notícia
Diante do aumento dos preços dos alimentos em 34,13% nos últimos 12 meses, além do aumento do combustível, energia, gás de cozinha, entre outros produtos, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) avalia que o valor ideal do salário mínimo para uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças, seria de R$ 5.583,90. Ou seja, cinco vezes maior que o atual R$ 1.100.
Na última quinta-feira (9), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a inflação atingiu 9,68% em agosto, levando em consideração o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Essas altas reduziram o poder de compra da população, prejudicando principalmente os mais pobres.
O Dieese chegou ao valor mínimo ideal, levando em consideração as necessidades vitais básicas de uma pessoa e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
Cesta básica
A pesquisa mensal de preços dos produtos de primeira necessidade do Departamento Intersindical é realizada em 17 capitais e, em agosto deste ano, apontou que os valores variaram de R$ 664,67 em Porto Alegre (RS), o mais alto, a R$ 458,44, o mais baixo, em Salvador (BA).
Como consequência do aumento dos preços, as pessoas estão deixando de consumir. Primeiro o consumidor trocou os produtos por similares de marcas mais baratas, mas nesse momento estão deixando de comprar. Segundo Associação Brasileira de Supermercados (Abras), houve uma queda de 1,15% no volume de vendas nos supermercados, em julho, em relação ao mesmo mês anterior.
Ou seja, o brasileiro está comendo cada vez menos e mal, uma triste realidade confirmada pelo aumento do consumo do miojo, macarrão instantâneo, mais barato e nenhum pouco nutritivo.
E o que está ruim pode ainda piorar com a seca que acaba com os pastos do gado, aumentando os custos de produção do leite e da carne, cujos preços já estão em patamares altíssimos, impossibilitando a maioria das famílias brasileiras de consumirem esses produtos. O alerta é da coordenadora de preços da cesta básica do Dieese, Patrícia Costa.
“O que mais chama atenção mais do que o aumento nos preços é a queda no consumo do arroz, feijão e carne. O arroz, por exemplo, tem tido menos demanda das indústrias de processamento do grão porque os centros consumidores não estrão comprando. Por outro lado, o produtor segura o produto para o preço não cair, mas num preço muito alto inibindo o consumo das famílias”, diz Patrícia.
A coordenadora do Dieese faz uma comparação dos valores desses alimentos na capital de São Paulo em relação a 2015, ano anterior ao golpe, que mostra o tamanho do problema.
Com informações da CUT